Jornal Estado de Minas

CONTAS PÚBLICAS

Mourão e Gleisi trocam acusações sobre orçamento de 2023

A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, e o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos), divergiram, nesta quinta-feira (3/11), a respeito da construção do orçamento federal para 2023. A equipe de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente eleito, trabalha com a possibilidade de negociar, junto ao Congresso Nacional, um incremento de R$ 200 bilhões à previsão de gastos do próximo ano. Os recursos adicionais serviriam para viabilizar políticas públicas.



Segundo Mourão, senador eleito pelo Rio Grande do Sul (RS), a futura gestão não demonstra responsabilidade fiscal. "O futuro governo de Lula está negociando com o Congresso um rombo de R$ 200 bilhões no orçamento de 2023, ou seja, zero compromisso com o equilíbrio fiscal. O resultado será aumento da dívida, inflação e desvalorização do real. Onde estão os críticos?", disse no Twitter.



Gleisi, então, rebateu o parlamentar. "(A) declaração de Mourão é no mínimo desonesta. Nem bem acabamos de iniciar a transição e estamos negociando a pauta que interessa ao povo trabalhador. Onde ele estava durante a farra do orçamento secreto e o uso perdulário e ilegal da máquina pública nas eleições?", escreveu a deputada federal pelo Paraná (PR), também no Twitter.



Durante a campanha eleitoral, Lula prometeu manter a transferência mensal de R$ 600 à população socioeconomicamente vulnerável. O programa deixou de se chamar Bolsa Família para ser batizado de Auxílio Brasil. O PT trabalha ainda para tirar do papel a promessa de repassar R$ 150 por filho às famílias beneficiárias do programa.



'PEC da Transição' pode ser alternativa

Hoje, mais cedo, a equipe de transição de Lula e o relator do Orçamento para 2023, o senador Marcelo Castro (MDB-PI), se reuniram para debater uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que possibilite um "drible" ao teto de gastos federal e, assim, garanta tópicos como o Auxílio Brasil de R$ 600, acrescido dos R$ 150 por criança.

Segundo interlocutores ligados a Lula, a PEC é necessária para impedir um "apagão social" no país. O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) disse que o plano é submeter as propostas a Lula na segunda-feira (7/10), para apresentação da PEC ao relator do Orçamento já na terça-feira (8/10).

Ênio Verri (PT-PR), que também participou da reunião, disse que o texto da PEC não deve trazer um valor específico de licença para gastar - chamada de "waiver" pelo mercado financeiro. O custo exato do pacote estaria especificado apenas no texto do Orçamento, feito por Castro.

"A PEC diz que para o ano que vem haverá exceção (para algumas políticas, que serão citadas", explicou Verri.

O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) comanda, pelo lado de Lula, a transição de gestões. O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), foi autorizado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para cumprir o mesmo papel pelo campo governista.

Com informações de Idiana Tomazelli, Julia Chaib e Thiago Rezende, da Folhapress