O repórter Diogo Meira, do grupo Rádio Cidade/Jovem Pan de Araxá, agredido por um caminhoneiro durante a cobertura de um protesto pró-Bolsonaro, na última quarta-feira (2/11), credita a violência sofrida ao fato de estar vestindo uma camisa vermelha, que faz parte do uniforme de trabalho.
“A gente estava fazendo a cobertura da manifestação dos caminhoneiros, que não estão satisfeitos com o resultado das eleições 2022. Em um determinado momento, acabei tendo que entrar em luta corporal com um dos manifestantes, que me acusou de ser 'petista', exatamente pelo fato de eu estar usando um uniforme vermelho, que é a cor do uniforme da emissora, do grupo onde eu trabalho”, afirmou ao programa "Linha de Frente", da Jovem Pan News.
Ainda segundo o repórter, após a agressão, ele recebeu escolta de uma guarnição da Polícia Rodoviária Federal (PRF), para deixar o protesto.
"Preferi não fazer o boletim de ocorrência, para talvez não gerar uma situação mais desagradável. Os ânimos realmente naquele momento estavam bastante exaltados, tanto dos manifestantes como o meu mesmo, que eu acabei tendo que me defender”, destacou ele, que estava com o olho direito roxo.
Relembre o caso
A confusão começou quando Diogo fazia a cobertura ao vivo para a Rádio Cidade no trevo de Araxá, que dá acesso às BRs 262 e 452, e foi interrompido por um manifestante, que mexeu na câmera. O homem reclamou que o ângulo da imagem não mostrava a quantidade de pessoas presentes no ato.
Pouco mais de um minuto depois, uma mulher apareceu chamando outros manifestantes para irem em direção ao radialista. Após esse momento, a transmissão voltou para o estúdio.
Ao terminar sua participação na live, um vídeo filmado no local mostra o repórter se preparando para deixar a cobertura, cercado por manifestantes que gritavam "fora". “Repórter da Rádio Cidade falando mentira aqui, e o pessoal não gostou. Repórter correu lá para o lado da polícia. O cara falou mentira e o pessoal apelou aqui”, disse um homem ao fundo.
Logo depois, uma nova gravação mostrou um caminhoneiro e Diogo em luta corporal.
Notas de repúdio
Após o fato, várias associações e entidades ligadas à imprensa emitiram notas de repúdio à agressão sofrida pelo repórter. Diogo também recebeu a solidariedade de veículos e profissionais da imprensa local.
A Associação da Imprensa Araxaense (AIA) foi o primeiro órgão a se manifestar (leia abaixo a nota na integra). Entidades como a Associação Mineira de Rádio e Televisão (AMIRT), Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e Associação Nacional de Jornais (ANJ) também repudiaram o ato.
Nota da AIA
AIA repudia agressões contra profissional de imprensa de Araxá.
Somos a favor da liberdade de expressão sim! Um movimento importante para a manifestação do pensamento por meio da palavra ou do gesto. Infelizmente, tem uma camada da sociedade que não sabe respeitar isso em um país que deve imperar sempre a democracia.
A Associação da Imprensa Araxaense (AIA) vem através desta nota repudiar as tristes cenas de agressões ocorridas contra o repórter de uma rádio de Araxá, que estava em pleno exercício de sua profissão fazendo a cobertura de protesto no trevo da BR-262 com a 452 nesta quarta-feira, 2 de novembro. Nem o livre exercício da profissão foi respeitado nessa situação, o que lamentamos muito.
Estamos a favor de uma sociedade mais justa e igualitária para todos e, em pleno século 21, esse tipo de cena não pode mais ocorrer. O papel da imprensa será sempre de informar a população de um modo geral para contribuir com o crescimento de uma cidade, de um estado e até de um país. Nós somos um dos setores mais importantes de atuação que merecemos respeito e sempre reverência pelo trabalho realizado em prol de uma nação.
Em um momento onde a efervescência política está mais destacada, a AIA defende que toda a forma de expressão tem que ser respeitada. Devemos sair em defesa do respeito as instituições e a democracia, do Estado Democrático e do Processo Eleitoral.
Infelizmente, membros da imprensa sofrem agressões por todo o país. Independentemente de governo, repudiamos veementemente qualquer manifestação violenta que não colabora em nada no desenvolvimento de uma nação constituída por uma bandeira com as cores verde, amarela e azul anil, acompanhada pelos dizeres “Ordem e Progresso”.
Atenciosamente,
Anete Di Mambro Gandra
Anete Di Mambro Gandra