A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) terá que prestar depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR) em 16 de novembro. O caso em questão foi o episódio nas vésperas do segundo turno da eleição presidencial, onde ela perseguiu um homem negro com uma arma nas ruas de São Paulo.
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou no sábado (5/11), que Zambelli preste depoimento imediatamente. Na decisão, o magistrado relembra que o caso deve ser investigado pela corte porque os fatos ocorreram “no exercício do atual mandato de parlamentar federal".
Segundo ele, o depoimento imediato é uma medida necessária e adequada para esclarecer eventual investigação. A deputada, no entanto, está nos Estados Unidos sem data prevista para retorno e por isso deverá realizado por videoconferência.
Aa assessoria da deputada confirmou a data e ressaltou estar "à disposição" do órgão.
Entenda a história
No sábado (29/10), véspera do segundo turno das eleições, viralizou um vídeo mostrando a deputada Carla Zambelli com uma arma na mão perseguindo um homem pelo bairro de Jardins, em São Paulo. O caso ocorreu próximo a um ato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A deputada explicou o caso no Instagram e disse que foi agredida pelo homem, que seria "um homem negro" e "militante de Lula". "Me chamaram de filha da p*ta", disse.
No vídeo, o homem aparece correndo no cruzamento das alamedas Lorena e Joaquim Eugênio. A pessoa que faz a gravação diz "é a Zambelli, é a Zambelli". Momentos depois, a deputada aparece com uma arma na mão, apontando em direção ao homem, e grita "pega ele".
O homem tenta se esconder em um comércio. Zambelli entra no local e grita para ele: "deita no chão, deita no chão".
Pelo Instagram, a deputada fez uma publicação explicando o caso. O vídeo tem a legenda "Militantes de Lula me cercaram e me agrediram quando eu saía do restaurante". "Acabei de fazer um boletim de ocorrência, pois fui agredida agora pouco. Me empurraram no chão, era um homem negro, pois escolheram um homem negro para vim em cima de mim, mas eram vários. Eu estava saindo do restaurante, eles tinham visto a gente antes, então me cercaram, e me empurraram, me machucaram. Eles me chamaram de filha da puta, de prostituta, me xingaram de várias coisas, cuspiu em mim", diz a deputada.
Logo depois, Zambelli diz que foi empurrada pelo homem. "Quando ele me empurrou, eu sai correndo atrás deles, disse que ele tinha que ficar aqui, para poder esperar a polícia chegar, aí ele se evadiu. Então, eu saquei a arma e sai correndo atrás dele, pedindo para ele parar. Ele ficou com medo, e parou dentro de um bar, e eu pedi para ele esperar, para dar flagrante nele. Nisso ele começou a pedir desculpa, porque estava filmando, acabando de filmar o pedido de desculpa, eu disse: ta bom, agora você pode ir. Então ele pegou e começou a fazer de novo".
No entanto, outro vídeo mostra que a deputada caiu sozinha. A gravação mostra que, após tropeçar sozinha, Zambelli se levanta e corre atrás do homem acompanhada pelos seguranças dela. No meio da perseguição, dá para escutar um tiro, que não foi disparado por Zambelli. O vídeo mostra também que várias pessoas agrediram o homem.