Jornal Estado de Minas

ENTREVISTA

Boulos acusa Zema de 'oportunismo eleitoral' por união a Bolsonaro

O deputado federal eleito Guilherme Boulos (Psol-SP) vê "oportunismo eleitoral" na forma entusiasmada como o governador mineiro, Romeu Zema (Novo), embarcou na campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno. Nessa quarta-feira (9/11), em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, Boulos, apoiador do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que o petista vai buscar estabelecer relações com todos os 27 governadores estaduais.



"Minas Gerais é o segundo mais populoso do país, um estado muito importante. Acredito que Lula terá relação institucional com os governadores. Agora não podemos deixar de notar o oportunismo eleitoral do governador Zema. Eu não vi, no primeiro turno, Zema colar em Bolsonaro e falar mal do Lula", afirmou.

Na primeira etapa da corrida presidencial, Zema deu apoio formal a Felipe d'Avila, candidato do Novo. Dois dias após vencer a eleição de Minas Gerais, o governador firmou a aliança com Bolsonaro.

"No primeiro turno, ele queria o voto do eleitor lulista. Escondeu o apoio a Bolsonaro, tentou dar sinais ao Lula de aproximação, porque queria o voto do eleitor lulista. Mas depois que resolveu a fatura dele e se elegeu em primeiro turno, aí se tornou cabo eleitoral ativo de Bolsonaro", continuou Boulos.



O voto lulista buscado por Zema, de fato, existiu. O movimento foi encarnado em um fenômeno que ganhou o apelido de "Luzema". Alguns partidos, como o Avante, fizeram parte da coligação do Novo em solo mineiro, mas compuseram a coalizão nacional liderada pelo PT.

"Acho muito pequeno, ainda mais para um gestor de estado tão relevante como Minas, fazer política a partir de pequenas oportunidades. Faltou da parte dele uma atitude mais equilibrada nesse processo. Ainda assim, o presidente Lula ganhou em Minas e no Brasil", encerrou o pessolista, ainda em tom crítico a Zema.

 

'Compromisso com o povo brasileiro'


Apesar das críticas a Zema, Boulos crê que as diferenças ideológicas não vão impedir Lula de dialogar com o governo de Minas Gerais. "O presidente Lula sabe separar o que são demandas do povo mineiro e o que é atitude errática de um político que hoje governa o estado de Minas Gerais. Existe um compromisso com o povo brasileiro que está além das fronteiras partidárias de quem governa cada estado", assegurou.

A opinião vai ao encontro do que pensa, inclusive, o vice-governador eleito de Minas, Mateus Simões (Novo). Na semana passada, também ao EM, ele afirmou que as farpas trocadas entre Zema e PT ao longo da campanha eleitoral vão ficar no passado.

"Estamos falando de políticos maduros. O governador de Minas e o presidente da República são maduros. Não são crianças ou torcedores de futebol para ficar ofendidos com esse tipo de coisa", previu.