Anunciado nesta quinta-feira (10/11) como integrante da equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o sociólogo mineiro Martvs das Chagas vai atuar no grupo técnico de Igualdade Racial. Secretário Nacional de Ações Afirmativas do governo federal durante a primeira passagem de Lula pelo Palácio do Planalto e ex-interino do Ministério de Promoção da Igualdade Racial, Martvs diz que um dos desafios da gestão transitória é iniciar a "desintoxicação" da Fundação Palmares, que, durante parte do mandato de Jair Bolsonaro (PL), foi comandada por Sérgio Camargo, alvo de diversas críticas do movimento negro.
"Nosso papel em relação à Fundação Palmares é desintoxicá-la do racismo institucional cometido. A gestão desse senhor foi, na verdade, uma grande intoxicação de racismo ali", afirmou Martvs, em entrevista ao Estado de Minas. "A gestão desse senhor acabou sendo o produto mais bem-acabado do racismo. O racismo tem sucesso no momento em que faz a pessoa renegar a si próprio; ele tem sucesso quando as instituições que lutam contra o racismo renegam a si próprio. Foi uma ação muito bem orquestrada", emendou.
Filiado ao PT, Martvs é atualmente secretário de Planejamento do Território e Participação Popular da Prefeitura de Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira. Sua carreira, porém, tem passagem pela cúpula da Fundação Palmares.
"Precisamos rever as ações e, ao mesmo tempo, potencializar a Fundação Palmares para que ela retome seu papel de indutora da cultura e da política pública no Brasil", defendeu.
O sociólogo vai compor uma equipe que tem outro representante de Minas Gerais: a pedagoga Nilma Lino Gomes, ex-ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Além deles, cinco nomes foram indicados para debater as possíveis ações em prol do povo preto. A lista tem, por exemplo, o professor de História Douglas Belchior, integrante da Coalizão Negra por Direitos.
"O primeiro passo que a gente deve fazer é um diagnóstico preciso e trabalhar ouvindo a sociedade civil para apresentar um plano de curto, médio e longo prazo ao presidente (eleito), no sentido da recriação do Ministério da Igualdade Racial, que ele disse que vai recriar. Mas, também, apontar políticas públicas para diversos ministérios importantes, porque a população negra está em todo lugar e, ao mesmo tempo, é alvo de todas as políticas", explicou.
Embora diga que ainda não seja possível listar os ministérios que vão receber sugestões da futura pasta de Igualdade Racial, Martvs crê que há áreas em que as contribuições vão ganhar mais impacto.
"Historicamente, o movimento negro já vem apontando algumas políticas cruciais ao povo negro. Saúde, educação, geração de emprego e renda e segurança pública, com certeza. A partir desses ministérios, que consideramos mais importantes, vamos atuar. É uma equipe. Não falo como coordenador, pois não existe coordenação em uma equipe que acabou de ser iniciada, mas é o que eu, enquanto militante e técnico, vou levar (à transição)".
Os times vão ter de apresentar relatórios finais com sugestões à nova gestão federal. Para Martvs, é importante que o documento a ser elaborado pelos componentes do grupo de Igualdade Racial contemple as políticas sugeridas às outras áreas do governo.
"O desafio é muito grande: reparar uma situação histórica. São 350 anos de escravidão; quatro anos é muito pouco. O que vamos fazer é apontar os caminhos para que as políticas de promoção da igualdade racial retomem o espaço que tinham nas políticas públicas - e possam ser ampliadas", explicou.
Outros dois mineiros já foram anunciados para o governo transitório: André Quintão, deputado estadual do PT, vai trabalhar no grupo temático de Assistência Social. A também petista Macaé Evaristo, eleita para a Assembleia Legislativa, vai se debruçar sobre a Educação.
"Nosso papel em relação à Fundação Palmares é desintoxicá-la do racismo institucional cometido. A gestão desse senhor foi, na verdade, uma grande intoxicação de racismo ali", afirmou Martvs, em entrevista ao Estado de Minas. "A gestão desse senhor acabou sendo o produto mais bem-acabado do racismo. O racismo tem sucesso no momento em que faz a pessoa renegar a si próprio; ele tem sucesso quando as instituições que lutam contra o racismo renegam a si próprio. Foi uma ação muito bem orquestrada", emendou.
Filiado ao PT, Martvs é atualmente secretário de Planejamento do Território e Participação Popular da Prefeitura de Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira. Sua carreira, porém, tem passagem pela cúpula da Fundação Palmares.
"Precisamos rever as ações e, ao mesmo tempo, potencializar a Fundação Palmares para que ela retome seu papel de indutora da cultura e da política pública no Brasil", defendeu.
O sociólogo vai compor uma equipe que tem outro representante de Minas Gerais: a pedagoga Nilma Lino Gomes, ex-ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Além deles, cinco nomes foram indicados para debater as possíveis ações em prol do povo preto. A lista tem, por exemplo, o professor de História Douglas Belchior, integrante da Coalizão Negra por Direitos.
Trabalho entre ministérios é aposta
Segundo Martvs, o chamado de Lula foi, na verdade, uma "convocação". Para ele, o desafio é retomar políticas de promoção da igualdade racial que foram "destruídas e descaracterizadas" ao longo dos governos de Michel Temer (MDB) e Bolsonaro."O primeiro passo que a gente deve fazer é um diagnóstico preciso e trabalhar ouvindo a sociedade civil para apresentar um plano de curto, médio e longo prazo ao presidente (eleito), no sentido da recriação do Ministério da Igualdade Racial, que ele disse que vai recriar. Mas, também, apontar políticas públicas para diversos ministérios importantes, porque a população negra está em todo lugar e, ao mesmo tempo, é alvo de todas as políticas", explicou.
Embora diga que ainda não seja possível listar os ministérios que vão receber sugestões da futura pasta de Igualdade Racial, Martvs crê que há áreas em que as contribuições vão ganhar mais impacto.
"Historicamente, o movimento negro já vem apontando algumas políticas cruciais ao povo negro. Saúde, educação, geração de emprego e renda e segurança pública, com certeza. A partir desses ministérios, que consideramos mais importantes, vamos atuar. É uma equipe. Não falo como coordenador, pois não existe coordenação em uma equipe que acabou de ser iniciada, mas é o que eu, enquanto militante e técnico, vou levar (à transição)".
Relatório final deve nortear ações do futuro governo
O governo transitório é coordenado por Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito. Coube a ele, inclusive, anunciar os componentes da equipe que vai se debruçar sobre as políticas raciais. Além dessa área, foram definidos os interlocutores de setores como Assistência Social, Comunicação, Educação e Direitos Humanos.Os times vão ter de apresentar relatórios finais com sugestões à nova gestão federal. Para Martvs, é importante que o documento a ser elaborado pelos componentes do grupo de Igualdade Racial contemple as políticas sugeridas às outras áreas do governo.
"O desafio é muito grande: reparar uma situação histórica. São 350 anos de escravidão; quatro anos é muito pouco. O que vamos fazer é apontar os caminhos para que as políticas de promoção da igualdade racial retomem o espaço que tinham nas políticas públicas - e possam ser ampliadas", explicou.
Outros dois mineiros já foram anunciados para o governo transitório: André Quintão, deputado estadual do PT, vai trabalhar no grupo temático de Assistência Social. A também petista Macaé Evaristo, eleita para a Assembleia Legislativa, vai se debruçar sobre a Educação.