Jornal Estado de Minas

MANIFESTAÇÃO

Bolsonaristas reeditam em BH a marcha que antecedeu o golpe de 1964

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) fizeram, neste sábado (12/11), em Belo Horizonte, uma reedição das manifestações populares que antecederam o golpe militar de 1964. O ato de hoje tinha, à frente do cortejo, uma faixa com os dizeres "Marcha das Mulheres pela Liberdade". O protesto contou com cartazes contra o comunismo - regime associado ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embora ele tenha sido eleito com o apoio de forças políticas do centro à direita.



O grupo partiu da Praça Raul Soares, no centro belo-horizontino, e foi em direção à Avenida Raja Gabaglia, na Região Centro-Sul. A via ganhou notoriedade desde o início do mês, pois bolsonaristas têm se concentrado em frente à sede da Quarta Região Militar, que fica na avenida. Eles pedem intervenção das Forças Armadas para inviabilizar a posse de Lula.

O termo "Marcha das Mulheres pela Liberdade" é similar ao nome das passeatas pré-golpe de 1964, batizadas "Marcha da Família com Deus pela Liberdade". Durante a caminhada deste sábado, o grupo passou por locais como a Avenida Olegário Maciel e a Praça da Assembleia, na Região Centro-Sul.

Ao longo do caminho, foi possível ouvir manifestações contrárias e positivas ao ato. No Edifício JK, na Praça Raul Soares, houve o soar de batidas de panelas em repúdio ao ato. Em outros prédios, também houve críticas. Do outro lado, contudo, buzinas de motoristas simpáticos ao movimento e aplausos foram notados.



"Como em 1964, estamos repetindo a Marcha das Mulheres pela Família", disse, ao megafone, um dos participantes do evento. "Cinquenta e oito anos depois (das manifestações de 1964), estamos fazendo o mesmo", bradou outro, também com o auxílio de um megafone.

Um vídeo feito pela reportagem do Estado de Minas mostra os entusiastas, na Praça Raul Soares, entoando um cântico contrário à posse de Lula.


Partidos querem desbloqueio da Raja Gabaglia


Ontem (11/11), a federação partidária formada por PT, PCdoB e PV foi ao Supremo/) Tribunal Federal (STF) em busca de providências para desbloqueio da Raja Gabaglia. As legendas pediram "apuração acerca de quem são os financiadores das manifestações antidemocráticas" em Minas e reivindicaram multa diária de R$ 100 mil aos envolvidos.

Os bolsonaristas ocupam a avenida, uma das principais de BH, há 13 dias, apesar de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) atestar a lisura das eleições. A percepção de que o pleito correu sem problemas é corroborada por observadores internacionais independentes.



O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE e componente do STF, ampliou, para todo o Brasil, as punições e medidas tomadas contra empresários de transporte e empresas que financiam bloqueio de estradas e vias públicas por causa da vitória de Lula.

A decisão inicial de Moraes valia apenas para o Distrito Federal (DF). A Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e as polícias militares dos estados devem tomar providências para efetuar a liberação das estradas, com previsão de multa horária de R$ 100 mil aos donos de veículos, como já havia sido determinado por ele em 31 de outubro. A decisão foi posteriormente referendada pelo plenário virtual da Corte.