O Ministério Público Eleitoral (MPE) recomendou, à Justiça Eleitoral, a desaprovação das contas da campanha à reeleição do governador mineiro Romeu Zema (Novo). O procurador Eduardo Morato Fonseca encaminhou, ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), parecer em que diz haver "graves inconsistências e irregularidades" no balanço apresentado por Zema. Segundo ele, há falhas que comprometem a "transparência e a lisura" das informações. Os valores questionados pelo MPE somam mais de R$ 2,8 milhões.
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A defesa de Zema alegou que a contratação é alvo de outro processo judicial - que trata, justamente, das dissonâncias entre a empresa e a coalizão do governador. O MPE, porém, rebateu apontando que, na verdade, a discussão na Justiça sobre a relação entre a empresa de assessoria política e a campanha do Novo diz respeito a uma terceira nota fiscal, de R$ 970 mil. Portanto, na avaliação de Fonseca, os R$ 11,4 mil devem ser incluídos no balanço.
Para o MPE, neste momento, o débito total da campanha de Zema com a Palhares Assessoria é de R$ 470 mil. Segundo o procurador, mesmo que a empresa e o Novo travem batalha judicial sobre o contrato firmado, o valor precisaria constar na prestação de contas.
"A despeito da demonstração de que o valor se encontra em discussão judicial, devido a um desacordo entre as partes, fato é que, no âmbito da Justiça Eleitoral, trata-se de débito não pago e não assumido pelo partido político, como exige a legislação eleitoral", lê-se em trecho do relatório.
Doações também geram queixas
O procurador do MPE apontou, ainda, problemas relativos a doações recebidas pela campanha de Zema. Segundo ele, R$ 40 mil repassados em 22 de agosto por um financiador da busca do governador pela reeleição não constaram em uma das prestações de contas parciais. O montante foi informado posteriormente, mas, para Eduardo Fonseca, o fato de a arrecadação não ter sido informada em um primeiro momento acarreta em "infração grave".O extrato de uma outra doação, que totalizou R$ 50 mil, também foi entregue com atraso. O fato motivou outro protesto do MPE. Segundo o procurador, houve irregularidades, ainda, no processo que dá direito ao Novo a ficar com os valores que sobraram do caixa de campanha.
Cláusula-bônus desperta dúvida
O relatório do MPE aborda, ainda, uma das cláusulas do contrato que a campanha de Zema firmou com uma empresa de comunicação e marketing. Os trabalhos custaram R$ 810 mil, mas um gatilho daria, à contratada, o direito de receber mais R$ 2,25 milhões se o governador conseguisse renovar o mandato.Para o MPE, o aditivo não é permitido pela Justiça Eleitoral, tornando-se, assim, irregular.
"Em conclusão, extrai-se dos autos que as falhas constatadas comprometeram a transparência e a lisura das contas. Além disso, os valores financeiros a elas atinentes, quando somados, equivalem a R$2.837.971,62, o que representa 16,40% das receitas totais arrecadadas pelo candidato. Não é procedente aventar que uma pretensa aplicação dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade venham em socorro da pretensão de aprovação das contas na hipótese", afirma o parecer.
O Estado de Minas procurou o governo estadual a fim de obter um posicionamento sobre o caso. O Palácio Tiradentes afirmou que só os "atores políticos ou partidos envolvidos" poderiam se pronunciar. A campanha de Zema também foi acionada. Se houver retorno, este texto será atualizado.