Centro da crise política do país nos últimos anos, o Judiciário pode voltar a ter uma relação harmônica com o Executivo a partir de 2023. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito presidente da República, tem o desafio de recuperar a paz institucional entre os Poderes e indicar os novos nomes que estarão à frente dos tribunais superiores. Segundo fontes ouvidas pelo Correio Braziliense, o petista tem ouvido sua equipe técnica até decidir seus indicados.
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No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Lula também terá direito de indicar um nome. Ainda no primeiro ano de governo, o chefe do Executivo terá duas indicações ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). A Corte é composta por 33 ministros nomeados pelo presidente da República, após sabatina do Senado.
Fora dos tribunais, Lula também irá indicar o nome do próximo procurador-geral da República, chefe do Ministério Público Federal (MPF). Porém, a tendência é que ele respeite a tradição de acatar a lista tríplice elaborada pelos procuradores do órgão. Com exceção do TSE, os indicados são submetidos a uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Na avaliação do professor de estudos brasileiros da Universidade de Oklahoma (EUA) Fabio de Sá e Silva, os envolvidos vão precisar de ponderação para retomar a relação institucional. "Lula precisará ser moderado nas escolhas para a PGR e o Ministério da Justiça; ao mesmo tempo, o Judiciário e o Ministério Público terão que demonstrar autocontenção e resistir à tentação de criminalizar a política", destacou.
"Esses órgãos ainda terão que lidar, de maneira inteligente e estratégica, com o passivo de violações legais de Bolsonaro e seu governo, bem como com a tarefa de enfrentar o extremismo político, o maior desafio hoje para o restabelecimento da normalidade democrática no país", apontou Silva.
Na avaliação do advogado Cristiano Vilela, especialista em direito público, Lula deve apostar na diversidade. "Há uma tendência de que os nomes a serem indicados pelo Presidente para a atuação na esfera jurídica, tanto na administração direta como para a indicação aos tribunais, sejam de figuras com bom trânsito entre os poderes e com o favorecimento de critérios de diversidade", destacou.