O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se dirige, hoje, às 12h15 (horário de Brasília), à comunidade internacional durante a COP27, que se realiza em Sharm El-Sheikh, no Egito. A expectativa é de que enfatize a necessidade dos países firmarem um compromisso com a preservação ambiental como forma de combater a fome em todo o planeta.
Lula chega à conferência do clima das Nações Unidas com um quadro no qual as nações pobres estão no polo oposto ao das ricas. Isso porque cobram, sobretudo dos grandes poluidores - como Estados Unidos, China e Rússia -, que contribuam com mais recursos financeiros para a defesa do meio ambiente. O presidente eleito deseja a adesão das maiores economias ao Fundo Amazônia, financiado por Alemanha e da Noruega, num momento em que os países ricos não se mostram dispostos a mais desembolsos sem que haja a contrapartida de compromissos concretos com a preservação ambiental.
O presidente eleito também quer passar a mensagem de que, a partir de 1º de janeiro, o país dará um giro de 180° na defesa dos biomas e que voltará a ser um dos protagonistas nas discussões sobre a defesa climática. "O Brasil será uma força positiva para enfrentar os desafios globais. É isso que viemos dizer na COP27. Seremos motivo de orgulho para o mundo", tuitou.
Desde ontem Lula passou a fazer parte da articulação para a reintrodução do Brasil nas discussões ambientais. Se reuniu com o emissário especial norte-americano para o clima, o ex-secretário de Estado John Kerry, que confessou confiança na "guinada completa" na política ambiental do Brasil. "Diga ao (presidente dos Estados Unidos, Joe) Biden que o Brasil está de volta à agenda climática, ao cumprimento do Acordo de Paris. Seremos novamente um ator importante na agenda internacional", disse Lula ao emissário norte-americano, segundo testemunhas do encontro entre eles.
Pouco antes da reunião com Kerry, o petista esteve com o enviado especial da China para o clima, Xie Zhenhua, quando discutiram uma agenda de fortalecimento da cooperação Sul-Sul. Nos dois encontros, porém, o presidente eleito também levou a pauta de reinserir o Brasil entre os mediadores da comunidade internacional - a ideia seria participar de eventuais negociações de paz entre Rússia e Ucrânia.
Agenda cheia
Está prevista para hoje a participação de Lula no evento "Carta da Amazônia - Uma agenda comum para a transição climática", ao lado dos governadores Waldez Góes (PDT-AP) Gladson Cameli (PP-AC), Mauro Mendes (União-MT), Helder Barbalho (MDB-PA), Wanderlei Barbosa (Republicanos-TO) e Marcos Rocha (União-RO).
Na agenda do dia, o petista deve se encontrar com representantes da sociedade civil brasileira e, em seguida, participará do Fórum Internacional dos Povos Indígenas sobre Mudança Climática.
Lula também pode se reunir com representantes da Alemanha, da China e dos Estados Unidos, além do presidente do Banco Mundial (Bird), David Malpass. Há a possibilidade de ele estar com Alok Sharma, que presidiu a COP26, em Glasgow (Escócia), no ano passado.