BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O economista Ilan Goldfajn atribuiu ao "consenso" em torno do seu nome a sua histórica eleição, neste domingo (20/11), para o posto de presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
"A primeira coisa que eu vou fazer é sentar com todo o mundo para escutar", disse à Folha em sua primeira entrevista após a eleição.
"Não podemos desperdiçar este momento histórico, para fazer um trabalho que nos orgulhe a todos no Brasil e na América Latina."
Apesar de o governo brasileiro ter participado da criação da instituição, em 1959, Goldfajn será o primeiro representante do país a ocupar a presidência, e com uma votação expressiva. Foi eleito com 80% dos votos e apoio de 26 países, disputando com quatro outros indicados. Na reta final, a Argentina retirou a sua candidata para apoiar o brasileiro.
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O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega chegou a enviar um email à secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, pedindo que o pleito fosse adiado por 45 a 60 dias. Outros integrantes do partido, como a presidente Gleisi Hoffmann e o ex-chanceler Celso Amorim, corroboraram o pleito.
Mas o BID não atendeu ao pedido e manteve o cronograma com a candidatura apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Ilan prefere não comentar o assunto.
"Não quero entrar em questões passadas", afirma. "O que posso dizer é que a minha candidatura representa o Brasil, e que não houve objeção a ela no Brasil, a eleição foi uma combinação do apoio de muitas pessoas que se manifestaram em meu favor, alguns inclusive publicamente, para dar o depoimento de que sou e sempre fui independente, e que minhas gestões são técnicas".
Ele reforça a proposta de união e destaca que há afinidades em seu projeto com o do PT. "É um prazer avançar com a minha plataforma, que coincide muito com a do governo eleito do Brasil", afirma. "É um momento de, como brasileiros, todos nós, juntos — todo mundo mesmo, 100% —, trabalharmos em harmonia com o BID."
Combate à fome e cooperação em pauta
Ilan defende a importância de focar o combate à fome, destacando que "a insegurança alimentar é um tema urgente".
Também afirmou que sua gestão será voltada a preservar "o espírito de cooperação" na América Latina e Caribe e da região com o resto do mundo e afirmou em diferentes momentos que o banco precisa investir em projetos capazes de fomentar crescimento com inclusão social, diversidade e preservação ambiental.
"É fundamental alcançar um crescimento equitativo, sustentável e inclusivo. Essa é a única maneira de atingir simultaneamente sustentabilidade econômica e social e enfrentar os desafios da migração", afirmou Ilan em seu discurso para os governadores do BID.
O BID é considerado o maior e mais antigo organismo financeiro multilateral do mundo e financia projetos de desenvolvimento econômico, social e institucional na América Latina e no Caribe. Tem 48 países membros e sede em Washington (EUA)