Jornal Estado de Minas

ESTREIA

BH: em frente a quartel, bolsonaristas rejeitam Copa: 'contra o comunismo'

Há quase um mês reunidos em frente ao quartel do Exército, localizado na Avenida Raja Gabaglia, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, bolsonaristas mantiveram o verde e o amarelo na manifestação desta quinta-feira (24/11), mas rejeitaram a Copa do Mundo no dia da estreia da Seleção no Catar. Com cartazes contra o torneio, eles tentaram afastar a imagem dos protestos de inconformidade com o resultado das eleições presidenciais com a festa de torcedores.





"Quero que o Neymar faça gol logo. Se fizer, vai fazer o 22". Foi o que disse uma senhora a outras três amigas na Avenida Raja Gabaglia, enquanto, há mais de 20 minutos, o camisa 10 da seleção tentava furar o bloqueio sérvio no Catar. A frase era uma dos raras menções ao escrete canarinho não acompanhada de uma crítica ou rejeição ao evento.

Desde o fim das eleições, manifestantes ocupam a avenida e pedem intervenção das forças armadas para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com o início da Copa do Mundo, eles deixaram claro sua preocupação de ter o ato confundido com torcida pela seleção nacional de futebol.

"Aqui o jogo é pela liberdade, não por uma taça de metal", diz um cartaz segurado por um senhor ladeado por dezenas de colegas com a camisa da CBF. As mensagens do tipo se acumulam entre os manifestantes e se juntam a tantas outras de teor antidemocrático e que já ecoam o recente discurso do PL, partido de Bolsonaro, contra as urnas. como "Forças Armadas, resgatem o código-fonte".





Bolsonarista carrega cartaz em protesto contra Copa do Mundo (foto: Bernardo Estillac/ EM/ D.A. Press)
 
 
Em um trio-elétrico, animadores do protesto, entre cantos exaltando o exército e xingando Lula, faziam discursos para dissociar o movimento do torneio da Fifa. "Tem Copa hoje? Não. Estamos aqui para ser libertos do comunismo", disse uma mulher no microfone. "Peço que não bebam aqui em frente, se forem consumir bebida alcoólica, vão mais pra baixo. A gente sabe que tem gente filmando e vão falar que isso aqui é Copa do Mundo" se ouvia das caixas de som em outro momento.

Sem TVs e rádios, os celulares dos manifestantes são majoritariamente usados para fotos, vídeos e lives. Enquanto alguns outro assistiam a lances da Seleção.
 
Manifestantes assistem a jogo no celular, cena isolada na manifestação (foto: Bernardo Estillac/ EM/ D.A. Press)
 

A postura dos bolsonaristas na capital mineira está em consonância com outros movimentos da mesma natureza pelo país. Nas redes sociais, os manifestantes se organizaram para pedir um boicote à Copa do Mundo.

Também na Raja


No mesmo CEP, e com as mesmas cores, mas com interesse oposto em relação à partida que acontecia no Catar, amigos se reuniram em um bar na Raja Gabaglia para acompanhar os comandados de Tite debutando no mundial de 2022.





O analista administrativo João Catanan disse que aproveitou o fim do expediente mais cedo para assistir a copa com colegas de trabalho: “Saímos do trabalho às 15h, quando liberaram a gente. Trabalhamos todos juntos e aproveitamos para ver o jogo aqui perto”. 

Guilherme Tavares, colega de João, aprovou a primeira partida do Brasil no Catar e não se surpreendeu com o craque da partida: “vamos comemorar o hexa, se Deus quiser. Richarlison não foi surpresa, a gente estava esperando o pombo destruir, Vinicius Jr. também foi muito bem no jogo. Esperava um pouco mais do Neymar, mas no geral foi uma estreia muito boa”.
 
E a comemoração do grupo deve se estender ao longo da noite de quinta “marcamos de ver o jogo aqui e estamos esperando só finalizar a partida para saber o que vamos fazer depois”, pontuou a consultora Suelen Freitas.
 
Suelen, João, Daniela de Freitas, Guilherme e Sara saíram do trabalho e foram assistir ao jogo em um bar (foto: Gladyston Rodrigues/ EM/ D.A. Press)