O funcionário comissionado do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Ronaldo Ribeiro Travassos poderá pegar até 10 dias de prisão por ter participado de atos golpistas que defendiam pautas como o cancelamento do resultado das eleições deste ano e a interrupção do rito democrático de mudança de presidente.
Isso porque o integrante do grupo responsável pela defesa do presidente da República também é primeiro sargento da Marinha. Logo, Ronaldo Ribeiro Travassos terá de responder pela legislação deste grupo que integra as Forças Armadas.
Isso porque o integrante do grupo responsável pela defesa do presidente da República também é primeiro sargento da Marinha. Logo, Ronaldo Ribeiro Travassos terá de responder pela legislação deste grupo que integra as Forças Armadas.
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Embora as punições a contravenções de integrantes da Marinha estejam previstas no regulamento do grupo, a instituição ainda não se pronunciou sobre o caso. Até esta quarta-feira (30/11), a assessoria de comunicação da corporação não respondeu o Correio Braziliense.
Caso a Marinha não siga o regulamento, a história envolvendo as manifestações políticas de Ronaldo Ribeiro Travassos pode ter um final parecido com a do ex-ministro Eduardo Pazzuello, que comandou a pasta da Saúde durante parte do governo do presidente Jair Bolsonaro.
Então militar da ativa, Pazzuello havia participado, em 2021, de uma manifestações à favor de Bolsonaro. À época, a avaliação do Comando do Exército foi a de que o fato de Eduardo Pazuello ter ido ao ato bolsonarista não significou a prática de transgressão disciplinar. Atualmente, o ex-ministro da Saúde está na reserva, é filiado ao PL e foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro nas eleições deste ano.
Direito civil
Além de possíveis punições no âmbito militar, a criminalista Fernanda Carneiro sustenta que o primeiro sargento Ronaldo Ribeiro Travassos pode responder pelos crimes civis de injúria, ao se referir a Lula como "ladrão" e homofobia, ao "incitar a discriminação e preconceito" contra a população LGBQIA . No crime de injúria, ela afirma que o militar alocado no GSI pode pegar detenção de até oito e meses.
"(o primeiro sargento da marinha) Também cometeu, ao que tudo indica, crime de homofobia, ao incitar a discriminação e preconceito. A pena é de reclusão de 1 a 3 anos, nos termos do art. 20 da lei 7716/89 (embora referida lei trate de crimes relacionado à raça ou cor, o STF equiparou, em 2019, à homofobia aos seus dispositivos", esclarece a Fernanda, sobre o crime de homofobia.
Outra possível punição ao militar, ainda de acordo com a criminalista, é o artigo Art. 359-L do código penal. Nesse tópico, as atitudes do militar poderiam ser avaliadas como tentativas, "com emprego de violência ou grave ameaça, (de) abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais". A pena para este crime seria de quatro a oito anos de reclusão.
PT aciona STF
Após a repercussão das imagens em que o primeiro sargento da marinha Ronaldo Ribeiro Travassos ameaça a posse do presidente eleito, o PT acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) com pedido para que o militar seja investigado por supostas ameaças ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e seus eleitores.
Além da ação no STF, o partido - por meio do deputado federal Paulo Teixeira - também apresentou um requerimento para que a Comissão de Constitucionalidade, Justiça e de Cidadania da Câmara convoque o general Augusto Heleno, chefe do GSI, a prestar esclarecimentos sobre a 'flagrante transgressão disciplinar e o crime de incitação' cometidos por Travassos.
Em nota, o GSI não condenou a atuação de Travassos, 'se limitando a afirmar que não tem competência para "autorizar servidores para que participem de qualquer tipo de manifestação" e que "as supostas declarações demandadas são de responsabilidade do autor em atividade pessoal fora do expediente"'