O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oficializou, nesta sexta-feira (9/12), o nome de José Múcio Monteiro como futuro ministro da Defesa. O ex-deputado federal e ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) assumirá a pasta a partir de 1º de janeiro, marcando o retorno da tradição de ter um civil no cargo - algo interrompido nos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), que colocaram militares na pasta.
José Múcio tem 74 anos e chegou pela primeira vez à Câmara dos Deputados em 1991, onde ficou até 2007. Ele deixou o cargo para tornar-se ministro de Relações Institucionais do governo Lula, postou que ocupou entre novembro de 2007 e setembro de 2009, sendo o responsável pela articulação política do governo.
No posto, ganhou a confiança de Lula e outros petistas importantes, conseguindo uma nomeação para o Tribunal de Contas da União, onde foi ministro entre outubro de 2009 e dezembro de 2020 - deixando o posto após entrar com pedido de aposentadoria.
Perfil conciliador e querido até mesmo por Bolsonaro
O nome de Múcio era sondado para o cargo há algumas semanas, e foi bem recebido pela caserna. Até mesmo opositores de Lula, como o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) o aprovam.
Ao jornal Valor Econômico, Mourão disse no dia 29 de novembro deste ano que tem "muito apreço" por Múcio, e que ele tem "boa aceitação" nas Forças Armadas.
Já Bolsonaro foi ainda mais categórico. Em dezembro de 2020, no evento de despedida de cargo no TCU, Bolsonaro disse ser "apaixonado" por Múcio. "Gosto muito de Vossa Excelência, dos momentos bons, épicos na Câmara e também os maus momentos", disse na ocasião. Bolsonaro e Múcio foram deputados federais na mesma época, e se conhecem desde 1991.
Múcio é classificado por aliados como o dono de um perfil conciliador e com grande capacidade de articulação política. Amigos o descrevem como piadista e tocador de violão. A relação dele com as Forças Armadas se estreitou no governo Bolsonaro, onde por meio do TCU, teve que lidar com diversos militares do governo, sendo aprovado pela maioria.
Múcio é formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Pernambuco (UFP). Na trajetória política, já passou por diversos partidos, como Arena (partido que dava sustentação política à ditadura militar), o PDS, PFL, PSDB e o PTB, sigla que é filiado até hoje.
Um civil na liderança da Defesa
O Ministério da Defesa foi criado em 1999, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Tradicionalmente, civis lideravam a pasta. O que mudou com Michel Temer, que em 2018 nomeou o general Joaquim Silva e Luna para a chefia do ministério.
Jair Bolsonaro, um militar, só indicou nomes das Forças Armadas para a pasta: os generais Fernando Azevedo e Silva, Braga Netto e o atual ministro Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
A Defesa é a pasta responsável por dirigir as três Forças Armadas: Marinha, Exército e Aeronáutica. Por isso, Lula e Múcio escolheram juntos os nomes dos comandantes das Forças.
No Exército assume o general Julio Cesar de Arruda, atual chefe do Departamento de Engenharia e Construção; na Marinha, o almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, atual comandante de Operações Navais da Marinha; na Aeronáutica, o tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, atual chefe do estado-maior da Aeronáutica; e como Comandante do Estado-maior das Forças Armadas, o almirante de Esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire, atual chefe do estado-maior da Marinha.