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Estado de Minas MINSTROS DE LULA

Escolha de Margareth Menezes para o Ministério da Cultura divide artistas

Cantora baiana revelou emoção ao receber convite de Lula, mas vem recebendo resistência de políticos e gestores culturais


10/12/2022 11:17 - atualizado 10/12/2022 11:46

imagem mostra Margareth Menezes, que vai assumir o recriado Ministério da Cultura, em um fundo vermelho escuro. ela é uma mulher negra, com uma blusa branca e cabelos bem cacheados
Margareth conquistou dois troféus Caymmi, dois troféus Imprensa, quatro troféus Dodô e Osmar, além de ser indicada para o GRAMMY Awards e GRAMMY Latino. (foto: Divulgação/FCC)
Convidada pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir o Ministério da Cultura, a cantora baiana Margareth Menezes vem enfrentando resistências de políticos e gestores culturais. A artista revelou a amigos sua emoção em aceitar o convite, que partiu da socióloga Rosângela Silva, a Janja, mulher de Lula. Na noite desta sexta-feira (9), no entanto, artistas e escritores manifestaram apoio à sua indicação para o cargo.

Por telefone, Caetano Veloso afirmou que o convite à cantora deve ser sustentado. "Acho ela muito boa. Se ela foi convidada, então tem que ser mantido o convite."

A escritora Elisa Lucinda telefonou para a cantora e declarou sua admiração. "Apoio totalmente a Margareth Menezes. Ela é uma pessoa que conhece profundamente a cultura do país. Margareth é o expoente. Olho para ela e não vejo uma pessoa. Vejo um quilombo. Ela escuta bem. Tem um lugar muito único de produtora cultural na Bahia."
 

Lucinda diz que Gilberto Gil se cercou de técnicos competentes no ministério, no primeiro mandato de Lula, e fez uma boa gestão. "Do ponto de vista da semiologia, acho importante ela ser preta, mulher e nordestina. Falei com ela hoje e disse que não tinha roupa para falar com ela, que me respondeu com 'sua roupa é a poesia'. Ela sabe o que a gente tem que reconstruir".

"Adorei a indicação. Achei um convite muito digno e justo", afirmou Maria Gadú. "Margareth vem como um respiro e um símbolo. Mulher preta, baiana. Passou por teatro, atuou internacionalmente como movimentadora cultural. Fez turnê com David Byrne. Não é só esse lance de ser artista. Ela circula há tantos anos colocando o Brasil em outro panorama. Chegou a hora de o Brasil recolocar Magareth no panorama. Estou muito feliz. A gente precisa de representatividade."

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Integrante da equipe de transição da Cultura, Menezes não foi a primeira opção de Lula. A atriz Marieta Severo e o rapper Emicida foram procurados, mas não aceitaram o convite.

Em mensagem ao PT e a Lula, o fotógrafo e produtor Luiz Carlos Barreto abriu suas restrições à escolha da cantora para o ministério. "Sou um produtor de cinema e militante em favor de um projeto cultural brasileiro. O Ministério da Cultura não deve ter um ministro artista. Como diz a Fernanda Montenegro, quando ela foi convidada por Sarney para ser ministra da Cultura --eu a fui sondar--, o lugar de artista é na trincheira da criatividade, não é nos gabinetes das repartições públicas, oficiais", opinou Barreto, que prefere o retorno de Juca Ferreira.

"Foram seis anos de demolição. Esse ministro tem que ser um grande gestor, que conheça bem as entranhas de Brasília. Não tenho nada contra Margareth. Tenho tudo a favor de Margareth. É uma pessoa extraordinária e fará muita falta na criatividade", acrescentou.
 

Lula vinha manifestando seu desejo de levar outra vez um símbolo ao Ministério da Cultura para repetir o efeito da nomeação do compositor Gilberto Gil em seu primeiro mandato. De preferência, a ideia é que fosse uma mulher ou um negro.

Janja também apostava no impacto de um grande artista e defendeu o nome de Margareth Menezes, cantora negra, ícone do Carnaval baiano e criadora da Associação Fábrica Cultural, em Salvador.

Logo que aceitou o convite, Menezes viu seu nome entrar em fritura, por não ter experiência em gestão pública. Lula ouviu ressalvas de interlocutores sobre a escolha da cantora para a reconstrução do ministério. O ex-ministro da Cultura Juca Ferreira e a deputada federal Jandira Feghali são nomes da área política defendidos por militantes e gestores.
 


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