José Acácio foi preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), por participação em atos antidemocráticos na capital federal.
A detenção levou simpatizantes de Bolsonaro que frequentam um acampamento pró-intervenção militar em frente ao quartel-general do Exército a tentarem invadir a sede da PF.
O episódio resultou em confronto com policiais e os manifestantes promoveram atos de vandalismo em Brasília, arremessando pedras contra os agentes e queimando veículos.
"Quero pedir que os senhores que não venham fazer conflito, briga ou confronto com a autoridade policial. E venham viver em paz, não pode continuar o que aconteceu, infelizmente essa destruição dos carros, ataque à sede da Polícia Federal", afirma José Acácio, que está na sede da corporação, num vídeo obtido pela Folha de S.Paulo.
"Porque nós sabemos que somos povo, os senhores aí, o povo santo, o povo de bem, que não compactua com derramamento de sangue, com briga, com conflito", continua.
José Acácio participou, entre outros atos, de um em frente ao hotel onde Lula está hospedado durante a transição. O local teve a segurança reforçada após o confronto dos bolsonaristas com a polícia começar, e a praça dos Três Poderes foi fechada.
A PGR, segundo o STF em nota, argumentou a necessidade de garantia da ordem pública uma vez que a apuração teria indicado a prática pelo indígena dos crimes de ameaça, perseguição e abolição violenta do Estado democrático de Direito.
Além do ato em frente ao hotel, a investigação da PF apontou José Acácio como um dos envolvidos em atos antidemocráticos no Congresso Nacional, no Aeroporto Internacional de Brasília, no Park Shopping e na Esplanada dos Ministérios.
Segundo a PGR, José Acácio utiliza sua "posição de cacique do Povo Xavante para arregimentar indígenas e não indígenas para cometer crimes e perseguir Lula e os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso".
"A manifestação, em tese, criminosa e antidemocrática, revestiu-se do claro intuito de instigar a população a tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado democrático de Direito, impedindo a posse do presidente e do vice-presidente da República eleitos."
Para Moraes, as alegações da PGR no pedido são graves e apontam para risco, uma vez que o indígena convocou pessoas armadas contra a diplomação de Lula, realizada nesta segunda.
"A restrição da liberdade do investigado, com a decretação da prisão temporária, é a única medida capaz de garantir a higidez da investigação", diz Moraes na decisão.