Jornal Estado de Minas

CASO DE POLÍCIA

Tumulto na Câmara de BH faz vereadores registrarem BOs contra Léo Burguês


Os vereadores belo-horizontinos Rubão (PP) e Nely Aquino (Podemos) registraram, nesta terça-feira (13/12), boletins de ocorrência contra o colega Léo Burguês (União Brasil). Eles acionaram a Polícia Civil por causa da confusão ocorrida ontem, na sede da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), durante a votação que elegeu Gabriel Azevedo (sem partido) para a presidência da casa.



O Estado de Minas teve acesso à íntegra dos boletins de ocorrência feitos pelos vereadores. Rubão acusa Burguês de agressão, enquanto Nely aponta o colega como responsável por calúnia. Léo apoiou a candidatura de Claudiney Dulim (Avante), que concorreu ao comando da Câmara com o aval do prefeito Fuad Noman (PP).



Nely Aquino e Rubão, por outro lado, caminharam ao lado da chapa rival. A dupla integra o bloco de vereadores alinhado ao deputado federal Marcelo Aro (PP), um dos articuladores da vitória de Gabriel Azevedo.

Aos policiais, o vereador do PP disse ter sido empurrado por Burguês durante a sessão que escolheu o novo comandante do Parlamento belo-horizontino. No boletim, Rubão afirmou não ter revidado "por estar dentro da Câmara Municipal" e que, durante a confusão, "quase foi derrubado da cadeira".



Antes da votação, o grupo pró-Gabriel se reuniu em uma sala de Nely Aquino, atual presidente da Câmara. Ontem, os vereadores da coalizão relataram ter se juntado para orar, mas Burguês acusou os colegas de terem se encontrado a fim de tentar coagir Ramon Bibiano da Casa de Apoio (PSD).

Colega de partido de Fuad, Bibiano votou em Gabriel Azevedo, que venceu por 21 a 20. O movimento surpreendeu a prefeitura, que esperava o embarque dele no bloco de Claudiney Dulim.

Segundo Léo Burguês, Bibiano foi pressionado a escolher Gabriel. Nasce daí a acusação de calúnia feita por Nely. Ela afirmou ter sido "quase atingida no rosto" pelo político do União Brasil.

"(Nely relata) que, durante as horas que antecederam a reunião (no plenário da Câmara), estava reunida com o grupo de vereadores que apoiavam a mesma chapa que ela. Que estava orando em sala próxima ao plenário com o seu grupo, quando o vereador Léo Burguês começou a coagir os parlamentares presentes, gritando, chutando a porta e socando as paredes, em completo descontrole", lê-se em trecho do boletim.



Segundo versão da presidente da Câmara à Polícia Civil, a postura de Burguês assustou parlamentares mulheres. "(Nely diz) que foi acusada pelo vereador Léo Burguês de coagir outros parlamentares e que, na verdade, era ele que coagiu outros vereadores, inclusive fisicamente".

Burguês diz que não agrediu ninguém


Procurado pela reportagem, Léo Burguês refutou as acusações feitas pelos colegas e revelou ter descoberto os boletins de ocorrência pela imprensa. "Notícia falsa é crime. Não teve agressão, não teve nada", garantiu.

"A outra chapa conseguiu o apoio dos vereadores e venceu a eleição. Foi isso", emendou o parlamentar.

Eleição expõe divisão da Câmara


Para além da margem de um voto que garantiu a vitória de Gabriel e do fato de um vereador do partido de Fuad Noman exercer papel fundamental no resultado, a eleição para a Mesa Diretora foi marcada por reviravoltas de última hora e intensas articulações.



Gabriel Azevedo conversou com os grupos de Fuad Noman e Marcelo Aro a fim de cacifar sua candidatura. O bloco de Aro lançaria Juliano Lopes (Agir) como concorrente, mas ele abriu mão de disputar a fim de fortalecer Gabriel e, assim, foi o vice da chapa eleita.

Do lado do Executivo municipal, a estratégia inicial passava pela candidatura de Bruno Miranda (PDT), líder de governo. Para ampliar o leque de apoios, contudo, a base aliada a Fuad recalculou a rota e optou por Claudiney Dulim.

Ontem, após a eleição, Gabriel Azevedo e Fuad Noman se reuniram e prometeram trabalhar conjuntamente em prol da cidade. Mais tarde, assistiram, juntos, a uma missa na Igreja da Boa Viagem, no Centro.

O prefeito, inclusive, minimizou o voto contrário a ele dado por Ramon Bibiano. "Cada um tem direito de escolher o seu voto. Ele escolheu o dele. Paciência, que que você vai fazer? É assim que funciona a vida. A democracia é assim: cada um vota com a sua consciência".