O cacique bolsonarista José Acácio Serere Xavante, acusado de atos antidemocráticos, vai continuar preso, segundo decisão da Justiça em audiência de custódia. Ele foi transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda.
A prisão temporária de Xavante, ocorrida na segunda-feira, pela Polícia Federal, foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado acatou pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). De acordo com o órgão, o cacique integrou o grupo que invadiu a sala de embarque do Aeroporto Internacional de Brasília, no último dia 2. Ele também convocou pessoas armadas para tentar impedir a diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Leia Mais
Jair Bolsonaro veta Lei Padre Júlio LancellottiAliado de Bolsonaro, Ciro Nogueira se encontra com futuro ministro de LulaLira frustra planos do PT e prevê concluir PEC da Transição no dia 20Cacique preso por atos bolsonaristas se desculpa com Lula e MoraesAliados de Bolsonaro: 'Só o Papa' pode liberar Maduro para posse de LulaLula afirma que era o único capaz de derrotar Bolsonaro nas eleiçõesMDB briga por 3 ministérios no governo Lula e um deles será de Simone TebetEle não tem a função de cacique na aldeia dele. Na verdade, quem comanda o local é o cacique Celestino. Interlocutores da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) explicam que o indígena não é tradicional. Casou-se há seis anos com uma mulher não indígena e atua como pastor evangélico. A conversão religiosa ocorreu após ser preso por tráfico de drogas.
Rafael Weree, membro da população Xavante e presidente nacional do Movimento Indígena do PDT, enfatizou que o povo xavante é a favor da democracia e repudiou as ações do cacique.
"Inclusive, foi muito alertado para ele sair desse barco, mas ele não deu ouvidos para ninguém e continuou nessa caminhada muito extrema. Na pandemia, presenciamos a morte de tantos anciãos, então não deveríamos apoiar uma pessoa dessa (Bolsonaro), que deu descaso total no atendimento à saúde indígena", ressaltou. "Infelizmente, ele insistiu na divulgação de fake news sobre o resultado da eleição e atacou o presidente do TSE. Meu povo apoia a atitude do Alexandre de Moraes de encerrar esse assunto, essa bagunça que ele vem fazendo."
De acordo com ele, o povo Xavante sempre lutou pela justiça, pelos direitos, pelas terras. "Não existe, para nós, luta individual, sempre existiu a coletividade. Respeitamos o resultado da eleição", destacou.