Membros da gestão João Doria (então no PSDB) que herdaram a Prefeitura de São Paulo de Fernando Haddad (PT) em 2017 dizem que o futuro ministro da Fazenda está longe de ser inconsequente e fez uma gestão equilibrada do ponto de vista de caixa.
Eles descrevem a administração do petista como "equilíbrio expansionista", com um Estado grande e marcado por gastos elevados, mas sustentados em aumento de receitas.
À frente da prefeitura, as bases de ampliação da arrecadação de Haddad, segundo os que receberam seu legado, foram a arrecadação por meio de reajustes no IPTU e no IBTI, o imposto sobre transmissão de imóveis, e o aumento no número de multas de trânsito —que gerou acusações de opositores de ter criado uma "indústria da multa" em São Paulo.
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No entanto, a recessão econômica a partir de 2014 interrompeu o equilíbrio da gestão petista. Segundo os sucessores, Haddad mostrou responsabilidade e tomou medidas adequadas de contenção de despesas, como cortes na zeladoria, que, entretanto, se mostraram insuficientes, já que boa parte dos gastos mais significativos estava atrelada a obras e investimentos contratados e que não podiam ser interrompidos, como obras e subsídios.
O enxugamento, nesse cenário, atingiu áreas sensíveis, como fornecimento de remédios, segurança em parques, asfaltamento, entre outras. Algumas das obras, com as dos CEUs, ficaram incompletas.
Nessa trilha aberta na prefeitura, a Fazenda de Haddad deve confirmar a tendência de explorar o aumento de impostos, apostando em ideias como taxação de lucros e dividendos, tributação de renda e, possivelmente, volta da CPMF, analisam.
As administrações de Doria e Haddad tiveram uma divergência a respeito da situação econômico-financeira do município após a gestão do petista.
O então tucano, hoje sem partido, dizia que Haddad havia deixado um rombo de R$ 7,5 bilhões. O petista rebatia com a informação de que havia deixado R$ 5,5 bilhões em caixa, com R$ 2,2 bilhões comprometidos e R$ 2,3 bilhões de superávit, sendo R$ 300 milhões livres para investimentos.
O que Doria identificava como rombo era, na verdade, uma análise de sua equipe técnica de que as receitas haviam sido superestimadas e as despesas haviam sido subdimensionadas no orçamento municipal de 2017.
Segundo projeção da equipe de Doria na época, caso os serviços cortados fossem retomados em um padrão de normalidade (já que haviam sido suprimidos durante a recessão) e houvesse continuidade de financiamento de obras e compromissos assumidos pela administração municipal, haveria uma diferença de R$ 7,5 bilhões de gastos em relação ao que havia sido indicado pela gestão anterior.