A ONG Voz das Comunidades aproveitou a febre do boné com a sigla CPX, falsamente associada a facções criminosas ao ser usado por Lula (PT) durante a campanha presidencial, para arrecadar 3.000 cestas básicas em uma ação de Natal. As letras querem dizer "complexo de favelas", como o Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro.
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Boulos vence disputa no PSOL, e partido apoiará governo LulaLula parabeniza papa Francisco pelo aniversário de 86 anosLula vai ter 37 ministros; nomes devem ser anunciados na próxima semana"A sigla sempre foi usada em vários lugares: restaurantes, bares, até projetos do governo. Quando desmentimos e mandamos um boné desse para a Xuxa, para jornalistas, percebemos que virou objeto de desejo, de orgulho", conta o fundador, Rene Silva, 28.
Ele então decidiu criar a campanha que dava um chapéu em troca da doação. Encomendou centenas de unidades à empresa familiar que faz a produção, chamou mais gente e montou uma logística de distribuição para todo o país.
Foi assim que conseguiram mais de 1.800 cestas básicas, que custam cerca de R$ 150. Outras mil vieram da Ação da Cidadania, ONG de combate à fome, e o restante de doadores impulsionados por padrinhos e madrinhas que dão suporte financeiro e visibilidade à organização, como Fábio Porchat e Preta Gil.
Bateram a meta e atingiram um recorde em comparação aos anos anteriores. Metade dos alimentos foi distribuída de porta em porta neste sábado (17), por cem voluntários que caminharam pelos complexos do Alemão e da Penha, e metade foi para outras favelas e ONGs cariocas.
Em um vídeo postado pelo jornal, uma mulher chora e abraça os entregadores: "Foi Deus que enviou vocês, eu estava precisando mesmo, vocês não fazem ideia", ela se emociona. "Eu olhei e falei 'gente feijão, o feijãozinho marrom que meu filho adora comer puro com arroz."
Rene, que participou da distribuição, diz que a maioria das famílias são de mulheres solteiras com filhos, desempregadas e fazendo "bicos". "O que as pesquisas mostram é real. Muitas dependem do Auxílio Brasil e outras ajudas governamentais só para pagar o aluguel de R$ 600. E para comida se viram de outra forma", diz.
Segundo o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, a insegurança alimentar leve, moderada ou grave atinge 57% da população do Rio de Janeiro.
Para o fundador da ONG, a pandemia ainda deixa marcas que só serão resolvidas com qualificação. "Não queremos fazer esse tipo de ação todo ano. Queremos mesmo é que as pessoas tenham emprego, vida digna. E isso elas só vão ter se houver investimento na capacitação", cobra ele.