O Avante conseguiu alcançar a cláusula de barreira da Câmara dos Deputados na última sexta-feira (16/12) após confirmação de eleição de um parlamentar que tinha candidatura analisada pela Justiça no Mato Grosso do Sul. Com o feito, o partido terá acesso ao fundo partidário e ao horário eleitoral no próximo pleito. A maior parte dos votos da legenda saiu de Minas Gerais, estado onde um planejamento de crescimento nacional se iniciou.
De acordo com o coordenador do Planejamento Estratégico do partido, Eduardo Serrano HeMan, o Avante está sendo gerido com diretrizes empresariais e começou nas últimas eleições municipais a aplicar em Minas um projeto que será levado para outros estados nos próximos pleitos.
“Praticamente metade dos votos que precisávamos para atingir a cláusula de barreira veio de Minas Gerais, onde somos o terceiro em número de prefeitos e a terceira maior bancada na Câmara dos Deputados. Minas alavancou o país e esse é resultado de um planejamento que vamos levar para outros estados”, disse à reportagem.
Nas eleições de 2020, a cláusula de barreira determinava que os partidos precisavam ter, ao menos, 2% dos votos válidos para deputado federal no país e ao menos 1% dos votos para o cargo em 9 estados.
O Avante conseguiu a marca no exato número de estados e 2,04% dos votos no Brasil, um total de 2.121.342 eleitores, quase metade deles conquistados em Minas Gerais (44%). O feito garante acesso ao fundo partidário de 2023 e a manutenção da presença da legenda no horário eleitoral gratuito para o pleito de 2026.
Em Minas, onde o partido pulou de 5 para 74 prefeitos nos últimos quatro anos, o Avante teve a ajuda de André Janones, segundo deputado mais votado no estado com mais de 230 mil votos, cerca de um quarto do total obtido pela legenda nas urnas mineiras. Ativo nas redes sociais e apoiador fervoroso da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência, o parlamentar é parte do exemplo de como a legenda tem orquestrado seu crescimento nas urnas.
“A gente tem algumas estratégias, como trazer gente que seja referência nas redes sociais, mas também trazer quadros políticos, com influência em cada estado e em cada região. Como é um partido que está sendo gerido como uma empresa, ele vai de acordo com o que a população está querendo. Zema e Lula eram o que a população queria. Ir de acordo com a ideologia que está sendo colocada no país, mas cada estado tem sua liberdade”, afirma HeMan
No cenário estadual, o Avante apoiou Romeu Zema (Novo), que foi reconduzido ao comando do governo de Minas Gerais. Mesmo com o governador liderando o braço mineiro da campanha de Jair Bolsonaro (PL) à presidência, o partido apoiou a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desta forma, a legenda esteve ao lado dos dois vencedores na corrida pelos cargos executivos.
A postura avaliada como independente pelos dirigentes do Avante é apontada como um trunfo e parte do planejamento estratégico para um crescimento sem amarras ideológicas. O deputado federal por Minas Gerais e presidente nacional do partido, Luis Tibé destacou o contato direto com os eleitores e a exportação do projeto mineiro para o resto do Brasil.
“O Avante teve um destaque nacional e a superação da cláusula de barreira coroa todo o projeto que estamos construindo a muito tempo. Nesta eleição vimos partidos com mais recurso não conseguindo o feito. Isso mostra que o Avante tem conseguido falar direto com a população e apresentado boas propostas para todos o Brasil. Agora temos grandes realizações pela frente e vamos ajudar a construir um Brasil forte e olhando para o futuro”, disse Tibé.
Nestas eleições, 15 partidos não conseguiram ultrapassar a cláusula de barreira nas eleições para deputado federal. De acordo com análise publicada pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). PSC, Patriota, Solidariedade, Pros, Novo e PTB estão entre os que tiveram nomes eleitos, mas não atingiram a meta no plano geral.
O Avante realizará um congresso em 2023 para definir pontos do planejamento para o partido nas próximas eleições municipais. É esperado que haja um foco em outros 14 estados, além de Minas Gerais, para aplicação de projetos de crescimento da legenda nas cidades.
As metas do partido incluem superar novamente a cláusula de barreira em 2026, que determinará um mínimo de 2,5% dos votos válidos para a Câmara dos Deputados, distribuídos em ao menos um terço dos estados, com um mínimo de 1,5% dos votos de cada um deles ou a eleição de ao menos 13 deputados federais também distribuídos em ao menos um terço das unidades federativas.
O partido também pretende aumentar o número de candidatos provenientes das redes sociais e já fez um mapeamento de perfis.