Jornal Estado de Minas

TRANSIÇÃO

Centrão, PSD, MDB, União e Rede ainda estão fora de ministérios de Lula


O bloco político do centrão e outros partidos, como PSD, MDB e União Brasil acabaram não sendo contemplados no maior anúncio ministerial feito até agora pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quinta-feira (22), um dia após o Congresso Nacional aprovar a PEC (proposta de emenda à Constituição) da Gastança.



Os 16 nomes escolhidos oficialmente por Lula nesta quinta somam-se aos cinco já anunciados, somando 21. Restam ainda 16, caso se confirmem 37 pastas anunciadas pelo futuro ministro da Casa Civil, Rui Costa, ou 13, que é o número citado como ainda indefinido por Lula.

O centrão é comandado pelo PP de Arthur Lira (AL), presidente da Câmara, PL e Republicanos, que integram a base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ainda restam, no entanto, uma série de pastas que devem alocar nomes dos partidos do centro ou do centrão, como Cidades, Planejamento, Turismo, Minas e Energia e Integração Nacional.


Um dos principais nós ainda a serem desatados diz respeito à senadora Simone Tebet (MDB), terceira colocada na disputa presidencial e que aderiu a Lula no segundo turno. Ela desejava ocupar Desenvolvimento Social, mas a pasta foi dada ao senador petista Wellington Dias (PI).



Tebet poderá ocupar Meio Ambiente, mas a pasta também é reivindicada pela Rede para a ex-ministra e ex-presidenciável Marina Silva.

Carlos Fávaro, que vai ocupar a Agricultura, mas ainda não foi anunciado oficialmente, é senador pelo PSD do Mato Grosso e foi um dos articuladores da campanha petista junto ao agronegócio, desde o primeiro turno. O senador Alexandre Silveira (MG), é outro dos nomes do PSD cotados para o primeiro escalão de Lula.

Apesar de apoiar o governo Bolsonaro, o centrão foi essencial para a aprovação da PEC da Gastança no Congresso e já vem pleiteando algumas pastas, tendo à frente Arthur Lira, que terá apoio do PT à sua reeleição em fevereiro. Além de ter angariado votos --uma vez que, atualmente, a base aliada do futuro governo não é capaz de emplacar os 308 deputados necessários para aprovação de PECs--, o presidente da Câmara atuou como articulador das negociações entre a equipe de transição e os líderes dentre os deputados.

Lira tentou emplacar uma indicação para o comando da Saúde, mas Lula anunciou Nísia Trindade, socióloga, professora e presidente da Fiocruz desde 2017.


No entanto, ao grupo não interessa apenas pastas no alto escalão do Executivo, mas também o comando de postos estratégicos como a Condevasf. Como revelou a Folha de S.Paulo, a empresa foi usada pelo centrão, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), para desviar dinheiro e direcionar verbas para aliados por meio de obras com suspeita de corrupção.



Tradicionalmente, o centrão tem papel essencial no Congresso, pois forma o maior bloco em ambas as Casas. Por isso, governos costumam ter dificuldades para avançar propostas sem conquistar o apoio do grupo --o que, muitas vezes, é feito em troca de postos na Esplanada.

Jair Bolsonaro, por exemplo, teve em Arthur Lira um nome de oposição no início de sua gestão. O cenário acabou mudando de figura muito em razão das emendas de relator, dispositivo que deu ao deputado alagoano grande influência sobre o Orçamento.

Acabou que Lira apoiou Bolsonaro durante as Eleições de 2022. Por outro lado, tão logo as urnas definiram a vitória de Lula, o presidente da Câmara foi o primeiro chefe dos Três Poderes a reconhecer o resultado publicamente.