Ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e professor de sociologia da Universidade de Brasília, Arthur Trindade tem pesquisado e publicado trabalhos sobre violência urbana, polícias, segurança pública, democracia e cidadania.
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De fato é gravíssimo o que aconteceu. Uma tentativa de atentado terrorista, a bomba, com motivação política. Algo que acreditávamos que o Brasil já tinha superado pelo menos há 50 anos. Não se tem notícia, durante o curso da Nova República, desde a redemocratização, de atentado com fins políticos, para impedir a posse do presidente ou protestar.
George Washington foi indiciado por prática de terrorismo. Não me recordo de um indiciamento por prática de terrorismo, pelo menos, não nos últimos cinco anos. Isso é um crime considerado gravíssimo?
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Veja detalhes do depoimento de extremista que planejou explodir bombaPolícia Militar encontra mais material explosivo no Distrito FederalExplosivo em Brasília: o que se sabe sobre o caso e a preocupação com a posse de LulaSuspeita de bomba no Setor Hoteleiro Norte, em Brasília, mobiliza BopeBolsonaro cobra informações sobre investigações de bombas em BrasíliaSegurança Pública do DF negocia desmonte de acampamentos bolsonaristasO empresário contou em depoimento que trouxe o arsenal do Pará, na maior facilidade. Esse livre registro de armas é algo que precisa ser revisto?
Não vi nenhuma notícia ainda que esse empresário tivesse a guia de transporte, que é uma autorização para que transportasse essas armas. E mesmo que tivesse, a guia permitiria o transporte da residência do colecionador, atirador ou caçador para o estande tiro, ou para o local de uso da arma. Não para viajar. Ele viajou transportando as armas em rodovias federais, que supostamente deveriam ser guarnecidas pela Polícia Rodoviária Federal.
São situações isoladas, ou falamos de organização criminosa terrorista?
Tudo leva a crer que, sim, há uma organização criminosa que planeja esses atos. Resta saber o tamanho dessa organização, quem financia e o grau de articulação dessa rede. Provavelmente diz respeito a uma série, um número possível de outros CACs que se articulam em vários estados.
A gente precisa relembrar do cenário de guerra que ocorreu aqui na área central de Brasília, no dia 12. Qual é a preocupação em relação a isso?O próprio empresário, criminoso, anunciou que a sua atitude tem conexão com os atentados de 12 de dezembro. São fatos conectados, com origem nesses grupos que estão protestando às portas dos quartéis das Forças Armadas. O que chama a atenção é a inação das autoridades, principalmente das federais, mas as locais, também. Porém é uma situação muito delicada para as autoridades locais, uma vez que as pessoas acampadas estão em área militar, portanto, sob jurisdição militar e das forças federais.
Como avalia o vandalismo do dia 12?
Os atentados aconteceram no dia da diplomação de Lula. Algumas pessoas têm feito o paralelo com a situação do Capitólio nos Estados Unidos, quando houve aquele atentado também, no dia em que o Congresso ia reconhecer o resultado das eleições. Então, aquilo ali não foi uma data qualquer. Outra questão que temos de cobrar das autoridades federais é o fato de que essas pessoas estão acampadas na frente do QG do Exército há bastante tempo, e que os serviços de inteligência não estão fazendo o monitoramento adequado dessas pessoas.
*Estagiária sob a supervisão de Cida Barbosa