Nos Estados Unidos, assim como no Brasil e em Israel, uma enxurrada de desinformação afetou eleitores em todo o mundo em 2022, mas muitos ignoraram a tática de Donald Trump de semear a desconfiança nos processos democráticos.
Um tsunami de notícias falsas inundou Twitter, Facebook, TikTok e YouTube com fotos e vídeos manipulados e ativistas pró-democracia acusaram as plataformas de fazerem muito pouco para combater esta prática.
Candidatos de todo o mundo seguiram à risca o manual de Trump de divulgar acusações infundadas de fraude eleitoral, mas em países como Estados Unidos e Brasil, muitos eleitores pareceram repudiar esta narrativa.
Desafiando previsões generalizadas de uma "onda vermelha" (cor do Partido Republicano) nas eleições de meio de mandato de novembro nos Estados Unidos, vários candidatos escolhidos por Trump perderam. Observadores dizem que a negativa contínua do ex-presidente e seus aliados em aceitar o resultado das eleições presidenciais de 2020 pode ter desanimado os eleitores.
Líderes e simpatizantes republicanos "parecem estar aceitando que recorrer a teorias conspiratórias levou a uma escolha ruim de candidatos, a uma mobilização ineficaz de eleitores, ao cinismo e a muitos outros malefícios", disse à AFP Mike Caulfield, pesquisador do Center for an Informed Public, da Universidade de Washington.
"Muitos vão tentar desvincular seus apoiadores das teorias da conspiração de fraude eleitoral... Vai ser um problema muito difícil de resolver", disse.
Da mesma forma, as eleições no Brasil, que tiveram um segundo turno tenso em 30 de outubro, foram marcadas pela desinformação, pois o presidente Jair Bolsonaro repetiu, sem provas, denúncias de fraude, assim como fez seu ídolo, Donald Trump.
Bolsonaro perdeu a reeleição para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e as pesquisas mostram que os brasileiros continuam confiando no sistema de urnas eletrônicas que o presidente pôs em dúvida.
Mas os analistas advertem que muitos eleitores ainda acreditam nas afirmações de Bolsonaro e, consequentemente, a luta contra a desinformação está longe do fim.
- Narrativas 'enganosas' -
Candidatos às eleições de novembro em Israel também seguiram o manual de Trump. O partido de Benjamin Netanyahu, Likud, lançou uma campanha denominada "deter o roubo" assim que as eleições foram convocadas.
"O Likud impulsionava a conspiração de que as eleições são manipuladas, que o comitê eleitoral central de Israel é controlado pelos subterrâneos do Estado", disse Achiya Schatz, diretor do grupo de vigilância da desinformação FakeReporter.
Netanyahu venceu e as acusações desapareceram, a ponto de ele voltar ao poder após 14 meses atuando na oposição.
Trump teve uma presença importante na política húngara, ao declarar apoio ao primeiro-ministro de extrema direita Viktor Orban antes das eleições de abril, também marcadas pela desinformação.
O Fidesz, partido de Orban, "aproveitou seu controle dos meios de comunicação para difundir acusações e narrativas enganosas sobre seus adversários políticos", segundo pesquisa do centro de estudos húngaro Capital Político.
Pouco antes das eleições, Orban, que cultivou relações próximas com o presidente russo, Vladimir Putin, alegou que seus adversários "combinaram com os ucranianos" oferecer-lhes armas e apoio caso vencessem.
Orban não apresentou provas e seu partido voltou ao poder com maioria parlamentar.
- 'Arma poderosa' -
Em todo o mundo, informações enganosas e desinformação costumam correr soltas nas campanhas eleitorais, corroendo a confiança nas instituições democráticas e, às vezes, gerando o caos quando se trata de manipular resultados.
Nas eleições presidenciais nas Filipinas, em maio, a desinformação relacionada com as eleições atingiu níveis "sem precedentes", segundo Rachel Khan, da aliança de verificação de fatos Tsek.ph.
O aumento das checagens em comparação com as eleições anteriores não deu conta de controlar a desinformação, concentrada principalmente nos principais candidatos: Ferdinando Marcos, que venceu com folga, e Leni Robredo.
"Em termos de resultados eleitorais, tivemos muito pouco impacto", disse Khan a respeito do trabalho da aliança.
"O problema realmente é a alfabetização midiática. Mesmo quem diz que consegue distinguir a desinformação, na verdade não consegue", acrescentou.
No Quênia, os adversários nas presidenciais William Ruto e Raila Odinga supostamente contrataram "guerreiros digitais" para difundir desinformação eleitoral.
As notícias falsas começaram a se espalhar quase um ano antes das eleições de agosto.
Embora a Suprema Corte do Quênia tenha confirmado a vitória de Ruto, apoiadores de Odinga acreditam que as eleições foram manipuladas.
A Nigéria se prepara para realizar eleições no começo de 2023 e já é possível ver táticas similares na web: falsificação de imagens para enlamear adversários.
Com Trump de olho na Casa Branca, analistas advertem que nos Estados Unidos a desinformação eleitoral poderia recrudescer à medida que a corrida às presidenciais de 2024 ganhar força.
"A desinformação é uma ferramenta poderosa", disse à AFP Pamela Smith, presidente da organização apartidária Verified Voting. "E aqueles que só aprovam as eleições que os favorecem continuarão fazendo uso dela", previu.
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Um tsunami de notícias falsas inundou Twitter, Facebook, TikTok e YouTube com fotos e vídeos manipulados e ativistas pró-democracia acusaram as plataformas de fazerem muito pouco para combater esta prática.
Candidatos de todo o mundo seguiram à risca o manual de Trump de divulgar acusações infundadas de fraude eleitoral, mas em países como Estados Unidos e Brasil, muitos eleitores pareceram repudiar esta narrativa.
Desafiando previsões generalizadas de uma "onda vermelha" (cor do Partido Republicano) nas eleições de meio de mandato de novembro nos Estados Unidos, vários candidatos escolhidos por Trump perderam. Observadores dizem que a negativa contínua do ex-presidente e seus aliados em aceitar o resultado das eleições presidenciais de 2020 pode ter desanimado os eleitores.
Líderes e simpatizantes republicanos "parecem estar aceitando que recorrer a teorias conspiratórias levou a uma escolha ruim de candidatos, a uma mobilização ineficaz de eleitores, ao cinismo e a muitos outros malefícios", disse à AFP Mike Caulfield, pesquisador do Center for an Informed Public, da Universidade de Washington.
"Muitos vão tentar desvincular seus apoiadores das teorias da conspiração de fraude eleitoral... Vai ser um problema muito difícil de resolver", disse.
Da mesma forma, as eleições no Brasil, que tiveram um segundo turno tenso em 30 de outubro, foram marcadas pela desinformação, pois o presidente Jair Bolsonaro repetiu, sem provas, denúncias de fraude, assim como fez seu ídolo, Donald Trump.
Bolsonaro perdeu a reeleição para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e as pesquisas mostram que os brasileiros continuam confiando no sistema de urnas eletrônicas que o presidente pôs em dúvida.
Mas os analistas advertem que muitos eleitores ainda acreditam nas afirmações de Bolsonaro e, consequentemente, a luta contra a desinformação está longe do fim.
- Narrativas 'enganosas' -
Candidatos às eleições de novembro em Israel também seguiram o manual de Trump. O partido de Benjamin Netanyahu, Likud, lançou uma campanha denominada "deter o roubo" assim que as eleições foram convocadas.
"O Likud impulsionava a conspiração de que as eleições são manipuladas, que o comitê eleitoral central de Israel é controlado pelos subterrâneos do Estado", disse Achiya Schatz, diretor do grupo de vigilância da desinformação FakeReporter.
Netanyahu venceu e as acusações desapareceram, a ponto de ele voltar ao poder após 14 meses atuando na oposição.
Trump teve uma presença importante na política húngara, ao declarar apoio ao primeiro-ministro de extrema direita Viktor Orban antes das eleições de abril, também marcadas pela desinformação.
O Fidesz, partido de Orban, "aproveitou seu controle dos meios de comunicação para difundir acusações e narrativas enganosas sobre seus adversários políticos", segundo pesquisa do centro de estudos húngaro Capital Político.
Pouco antes das eleições, Orban, que cultivou relações próximas com o presidente russo, Vladimir Putin, alegou que seus adversários "combinaram com os ucranianos" oferecer-lhes armas e apoio caso vencessem.
Orban não apresentou provas e seu partido voltou ao poder com maioria parlamentar.
- 'Arma poderosa' -
Em todo o mundo, informações enganosas e desinformação costumam correr soltas nas campanhas eleitorais, corroendo a confiança nas instituições democráticas e, às vezes, gerando o caos quando se trata de manipular resultados.
Nas eleições presidenciais nas Filipinas, em maio, a desinformação relacionada com as eleições atingiu níveis "sem precedentes", segundo Rachel Khan, da aliança de verificação de fatos Tsek.ph.
O aumento das checagens em comparação com as eleições anteriores não deu conta de controlar a desinformação, concentrada principalmente nos principais candidatos: Ferdinando Marcos, que venceu com folga, e Leni Robredo.
"Em termos de resultados eleitorais, tivemos muito pouco impacto", disse Khan a respeito do trabalho da aliança.
"O problema realmente é a alfabetização midiática. Mesmo quem diz que consegue distinguir a desinformação, na verdade não consegue", acrescentou.
No Quênia, os adversários nas presidenciais William Ruto e Raila Odinga supostamente contrataram "guerreiros digitais" para difundir desinformação eleitoral.
As notícias falsas começaram a se espalhar quase um ano antes das eleições de agosto.
Embora a Suprema Corte do Quênia tenha confirmado a vitória de Ruto, apoiadores de Odinga acreditam que as eleições foram manipuladas.
A Nigéria se prepara para realizar eleições no começo de 2023 e já é possível ver táticas similares na web: falsificação de imagens para enlamear adversários.
Com Trump de olho na Casa Branca, analistas advertem que nos Estados Unidos a desinformação eleitoral poderia recrudescer à medida que a corrida às presidenciais de 2024 ganhar força.
"A desinformação é uma ferramenta poderosa", disse à AFP Pamela Smith, presidente da organização apartidária Verified Voting. "E aqueles que só aprovam as eleições que os favorecem continuarão fazendo uso dela", previu.
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