Um dos contatos dados por George à polícia é o de Ricardo Cunha, que foi pré-candidato ao governo do Pará. O outro é de um empresário do Pará, que, sem revelar a identidade, concedeu entrevista ao Correio Braziliense. No sábado (24/12), dia da prisão, ele recebeu a ligação de George por volta de 1h da madrugada, mas estava sem bateria no celular. “Acredito que ele me ligou porque eu e minha esposa procurávamos conversar com ele quando estava desanimado no acampamento e sem notícias relevantes para a situação”, relatou.
O acampamento ao qual o empresário se refere é o montado em frente ao Quartel General do Exército, no Setor Militar Urbano de Brasília. O empresário ouvido pelo Correio também é apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) e conheceu George nos protestos promovidos na cidade de Marabá (PA). Ele também esteve em Brasília, mas foi embora em 16 de novembro. “Nossa tenda do Sul do Pará sempre estava aberta a todos que quisessem entrar. Aparecia gente de todos lugares e ideologias. Fiquei surpreso com a atitude dele, pois prejudica muito o sentido pacífico das nossas manifestações. Se ele fez algo errado, tem que pagar como qualquer cidadão”, frisou.
Notas fiscais
George é morador do Pará e, em audiência de custódia, contou que gerencia quatro postos de gasolina no interior do Estado, o que rende um salário de R$ 5 mil por mês. O valor, no entanto, é muito abaixo do que o investido na compra de armas, munições e artefatos. Em depoimento na delegacia, ele confessou que gastou cerca de R$ 170 mil com os materiais.
No imóvel onde ele alugou, no Sudoeste, policiais civis da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) apreenderam — além de armas, facas, socos ingleses e mais de 2 mil munições— notas fiscais de compras de armas. Uma delas, no valor de R$ 280,23. O material, no entanto, ainda será analisado pela polícia.
Questionado dos preços exorbitantes, o conhecido de George acredita que o ele não receba R$ 5 mil, pois, segundo ele, o empresário demonstrava ser bem de vida. “Pelo padrão de vida dele, acho que ele ganha mais que isso. Andava em um carro bom. Falou que saltava de paraquedas e tal. Convenhamos que não é esporte para classe baixa. As poucas vezes que o vi, vinha sozinho até nosso acampamento. Eu saí dia 16 do QG e não tive mais notícias dele”, finalizou.