Jornal Estado de Minas

MINAS EM BRASÍLIA

Ministro, Silveira quer ser 'ponte' entre Lula e Zema e prega 'pacificação'

Futuro ministro de Minas e Energia, o senador Alexandre Silveira (PSD-MG) quer ajudar a aprofundar os diálogos entre o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o governador mineiro, Romeu Zema (Novo). Nesta quinta-feira (29/12), instantes após ser anunciado como integrante do primeiro escalão do governo federal que toma posse em 1° de janeiro, Silveira defendeu a "pacificação" do país e, para isso, defendeu a existência de conversas em bons termos entre políticos de espectros diferentes.



"Quero, sim, fazer a interlocução, a ponte, com o governo do estado. As eleições ficaram para trás. Precisamos pacificar o país e trabalhar com foco no resultado. Temos 215 milhões de brasileiros lá fora, que não sabem o que acontece nos bastidores da política. O que eles querem é melhoria na qualidade dos serviços públicos, na saúde, e menos impacto na inflação", disse, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília (DF), onde Lula anunciou os últimos 16 dos 37 nomes que vão compor a Esplanada dos Ministérios.

Antes de Silveira, a pasta de Minas e Energia foi chefiada por outros políticos nascidos no estado, como a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o ex-deputado federal Paulino de Vasconcellos.

"Vamos trabalhar sempre em favor de todos os estados. E, de forma muito carinhosa, com meu estado de Minas Gerais.O Ministério de Minas e Energia foi fundado por um mineiro, o presidente Juscelino Kubitschek, em 1960. Agora, volta a ter um mineiro", celebrou.

À frente da pasta, o pessedista terá de lidar com assuntos ligados a temas como mineração, energia elétrica e combustíveis.

"Um de nossos objetivos no ministério é que a energia elétrica e os combustíveis, cada vez menos, sejam fatores de impacto direto na inflação, para que possamos criar estabilidade e, consequentemente, o país crescer, com foco na geração de oportunidades e no combate às desigualdades", projetou.




Agora palaciano, senador ganhou prestígio com Lula


Diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no primeiro mandato de Lula, Silveira foi apresentado ao petista pelo ex-vice-presidente José Alencar.

Neste ano, o pessedista se reaproximou de Lula e, com o apoio dele, tentou renovar o mandato de senador - acabou perdendo para Cleitinho Azevedo (eleito pelo PSC, mas agora no Republicanos). Apesar do revés, Silveira foi um dos coordenadores da campanha de Lula em Minas no segundo turno. O estado foi o único das regiões Sul e Sudeste em que o candidato do PT venceu a disputa direta contra Jair Bolsonaro (PL).

O parlamentar do PSD ajudou a campanha lulista buscando o apoio de consórcios regionais de municípios e de pequenas associações de prefeitos. A estratégia foi a via encontrada para conter a ofensiva pró-Bolsonaro capitaneada, justamente, por Zema.



A 'cobrança' de Zema ao presidente eleito


Apesar de Zema e Lula terem estado em lados opostos na eleição nacional, aliados do governador têm mostrado esperança na construção de uma boa relação entre ambos. Na semana passada, durante evento de retrospectiva do primeiro mandato, o político do Novo garantiu que não fará oposição a pautas que considere positivas ao país, como as reformas Tributária e Administrativa, mas fez uma espécie de "cobrança" ao presidente eleito.

"Há 853 prefeitos em Minas. Nenhum foi perseguido por meu governo. Temos, aqui, decisões técnicas. Se uma estrada vai ser feita, é porque vai trazer desenvolvimento e por ser necessária - e não por ter, ali, prefeito mais ou menos do nosso lado. Espero que o governo federal também tenha esse profissionalismo", pediu.