Jornal Estado de Minas

GOVERNO LULA

Nova ministra da Saúde, Nísia Trindade critica negacionismo de Bolsonaro


A socióloga Nísia Trindade tomou posse como ministra da Saúde nesta segunda-feira (2). Ela ressaltou a importância da vacina e o trabalho em equipe. "Temos muita convicção na proteção das vacinas e lembro os brasileiros de completarem o esquema vacinal", disse.



Ela ressaltou que a gestão será pautada pela ciência, pelo diálogo com a comunidade científica e em um esforço tripartite com o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde).

Nisia destacou a importância de uma política autônoma na produção local e disse que o represamento de fila precisa ser uma agenda do setor público. Também destacou a importância da retomada das coberturas vacinais e do programa de imunizações.

"O presidente Lula tem reiterado a preocupação com represamento de exames, cirurgias eletivas e diversos procedimentos. Essa tem que ser uma agenda do Estado, da sociedade e da academia. Da mesma forma, ao lado dos ministérios da área econômica estaremos atuando para fortalecer a produção local e o complexo econômico industrial da saúde".



Nisia criticou o governo Bolsonaro e ressaltou a importância de trabalhar a ciência e religião de uma outra forma. Ela citou o educador Paulo Freire, que foi criticado por membros do governo Bolsonaro. Também citou o desmonte na saúde que a equipe de transição conseguiu mapear.

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"Durante o governo que ontem se encerrou e nos trouxe período de obscurantismo de negação da ciência, cultura, dos valores que não gosto nem de denominar como civilizatórios. Na tradição da pedagogia Paulo Freire, que gosto de chamar de valores antecipatórios, quero chamar a atenção da importância de trabalhar de uma outra forma a relação de religião e ciência, religião e sociedade".

A ministra disse ainda que em até 15 dias terá um panorama de quais normas serão revogadas. Ele citou alguns exemplos, como toda a parte de saúde mental, normas que ofendam a ciência, direitos humanos e direitos sexuais reprodutivos.





Nísia Trindade Lima é a primeira mulher a ocupar o cargo em quase 70 anos de história da pasta. Ela ingressa no momento em que o governo de transição vê um desmonte histórico no SUS, com perda de recursos, queda na cobertura vacinal e falta de coordenação com estados e municípios.


Graduada em ciências sociais, mestre em ciência política e doutora em sociologia, Nísia assumiu a presidência da Fiocruz em 2017. Ela é servidora da fundação desde 1987.

Eleita com 60% dos votos de trabalhadores, pesquisadores e professores da Fiocruz, foi a primeira mulher a presidir a centenária instituição, referência em ciência, saúde pública e tecnologia em saúde da América Latina.

 

Nísia liderou o acordo da Fiocruz com a AstraZeneca para a produção no Brasil de vacinas contra a Covid-19. Na gestão dela, a fundação ainda foi escolhida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como centro de desenvolvimento e produção de vacinas com a tecnologia de RNA mensageiro na América Latina.





Durante o evento, ela falou da nova estrutura do Ministério da Saúde. Como a Folha de S.Pauloantecipou, foi criada uma nova secretaria na pasta de Informação e Saúde Digital. Com isso, o Datasus (sistema de informática do SUS) será direcionado para a nova área.


Também será criado o departamento de vigilância de IST, Aids e Hepatites Virais, o departamento de Saúde Mental e o departamento de imunizações, este último será comandado pela servidora de carreira da pasta, Ana Gorete. "Elevar em departamento significa dar mais peso", explicou Nísia.


Estiveram presentes na solenidade a ministra do Esporte, Ana Moser, o ministro de relações institucionais, Alexandre Padilha, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, a ministra de Gestão e Inovação, Esther Dweck, e o ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, a ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara, o ministro da Educação, Camilo Santana, assim como os ex-ministros da Saúde Humberto Costa e Nelson Teich.





Durante a posse, o conselho deliberativo da Fiocruz fez uma homenagem à Nísia. "Reforçou a equidade de gênero e raça na nossa instituição'', disse Marilda Souza Gonçalves. "Temos certeza que o Ministério da Saúde está recebendo um presente, um tesouro, cuidem bem dele", reforçou.

NOVOS SECRETÁRIOS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE


SECRETARIA-EXECUTIVA


Swedenberger do Nascimento Barbosa, assessor na Fiocruz-Brasília e professor na Escola de Governo Fiocruz (EGF) nos cursos de especialização em saúde coletiva e mestrado profissional em políticas públicas em saúde.


SECRETARIA DE INFORMAÇÃO E SAÚDE DIGITAL


Ana Estela Haddad, professora titular do departamento de ortodontia e odontopediatria da Faculdade de Odontologia da USP.


SECRETARIA DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE


Nésio Fernandes, presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e secretário de Saúde do governo do Espírito Santo.





SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE E AMBIENTE


Ethel Maciel, professora do Departamento de Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo).

SECRETARIA DE ATENÇÃO ESPECIALIZADA À SAÚDE


Helvécio Miranda, médico, foi secretário nacional de Atenção à Saúde na gestão de Alexandre Padilha (PT) no Ministério da Saúde.


SECRETARIA DE GESTÃO DO TRABALHO E DA EDUCAÇÃO NA SAÚDE


Isabela Pinto, professora do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA (Universidade Federal da Bahia).


SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA E INSUMOS ESTRATÉGICOS


Carlos Gadelha, doutor em economia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), foi vice-presidente da Fiocruz e atuou em ministérios de Lula e de Dilma Rousseff (PT)


SECRETARIA DE SAÚDE INDÍGENA


Weibe Tapeba, coordenador da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Cear.