Os mandados foram expedidos pelo ministro após a PF consultar o sistema de registros de armas e descobrir que Zambelli possuía outras três armas além da entregue após o episódio ocorrido em São Paulo, um dia antes do segundo turno das eleições de 2022.
Na ocasião, a parlamentar sacou e apontou uma pistola 9mm para um homem após uma discussão no bairro dos Jardins, em São Paulo. Um segurança da parlamentar chegou a fazer um disparo durante a perseguição e foi preso pela Polícia Civil por isso.
Duas dessas armas estavam em um clube de tiro em Osasco. Aos policiais a deputada informou que enviou o armamento ao local para manutenção e que depois as armas seriam vendidas.
A parlamentar poderá ser investigada por suspeita de irregularidades com implicações criminais. A primeira delas é o fato de ela possuir porte para outra arma, e não a que ela apontou contra um cidadão em São Paulo.
Investigadores também devem analisar o fato de as autorizações da deputada serem para manutenção dos armamentos em Brasília e não em São Paulo, onde foram apreendidos.
Em nota, a parlamentar disse que tomou conhecimento da decisão de busca e apreensão determinada pelo STF "para fins de recolhimento de armas para defesa pessoal que estavam em sua residência".
Afirmou ainda que chama a atenção que mesmo "tendo cumprido integralmente a decisão anterior, de forma voluntária, o STF tenha determinado uma medida ainda mais invasiva em seus endereços".
"É preciso informar que o recurso apresentado pela defesa da deputada não foi sequer apreciado, mesmo tendo sido protocolado antes do novo pedido de busca e apreensão da PGR", diz a nota.
Acrescentou que cooperou "como sempre fará, com as autoridades policiais para o cumprimento da decisão". "Caso qualquer atentado à vida da deputada, agora desprotegida, aconteça, já sabemos o responsável", afirmou.
Em dezembro, o STF havia determinado a retirada do porte de armas da deputada e deu 48 horas para que ela entregasse sua pistola à PF. A decisão foi tomada a pedido da vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo.
Na ocasião, o ministro disse que, caso a parlamentar não cumprisse as ordens em até 48 horas, haveria busca e apreensão da pistola e das munições.
A parlamentar disse ter entendido que a decisão de Gilmar contemplaria a entrega de apenas uma arma e que, se ela soubesse, entregaria voluntariamente as outras.
"O que mais me chama atenção é, ao mesmo STF que faz uma coisa dessa com uma cidadã de bem que nunca teve passagem pela polícia, não toma nenhuma atitude contra armamentos pesados nas comunidades. Pelo contrário, né, impede a polícia de ir nas comunidades", afirmou.
Na decisão, Gilmar descartou a alegação da deputada de que ela teria usado a arma em legítima defesa. Já a vice-procuradora geral afirmou que, embora a parlamentar tenha porte de arma de fogo para defesa pessoal, a legislação não lhe autoriza "o uso ostensivo, nem adentrar ou permanecer em locais públicos ou onde haja aglomeração de pessoas".