O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vive, desde ontem, a primeira divergência pública de opiniões entre seus integrantes. Nesta quarta-feira (4/1), os ministros petistas Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) refutaram a possibilidade de revisão das regras da Reforma Previdenciária. A ideia foi levantada, nessa terça-feira (3), pelo presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que tomou posse no comando do Ministério da Previdência Social.
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Ministro, Alckmin critica 'descaso' de Bolsonaro e prega reindustrializaçãoFreixo anuncia saída do PSB e vai em direção ao PTO que se sabe sobre a ligação da ministra de Turismo com o miliciano do RioMinistro de Lula: 'Não é nenhum tabu que o BC preste contas publicamente'Felipe Neto sobre bolsonarismo: 'É preciso enfrentá-lo todos os dias'Janones revela que lançará livro em março: 'Janonismo cultural'Depois, em entrevista à "GloboNews", Padilha, chefe da pasta responsável por auxiliar nas articulações entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, afirmou que Lula não tratou do tema no discurso de posse feito na sede do Legislativo. Ele reiterou o papel da Casa Civil no processo inerente à apresentação de mudanças na legislação.
"Os ministros podem ter suas opiniões, mas há uma coordenação de governo, um fechamento de posição sobre o presidente e um programa. Tem um trabalho muito bem feito pelo vice-presidente (Geraldo) Alckmin na coordenação da transição, com os diagnósticos que foram feitos", explicou.
Ao tomar posse, ontem, Lupi falou em criar uma comissão com representantes de sindicatos, entidades patronais, aposentados e governo para debater as normas previdenciárias aprovadas em 2019. "Precisamos discutir com profundidade o que foi essa antirreforma da Previdência, com números", defendeu.
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Hoje, à "CNN Brasil", o pedetista fez um adendo às falas proferidas na posse e disse querer debater alguns tópicos da reforma. "Falei em criar uma comissão quadripartite para analisar e propor ao Congresso Nacional a correção de alguns pontos que são injustos. E dei como exemplo a regionalização da idade mínima para as mulheres", ressaltou.
Padilha: 'Não somos o governo da mordaça'
Lula convocou os 37 ministros de Estado para a primeira reunião geral da administração federal. O encontro, agendado para sexta-feira (6), deve ter a participação dos líderes do governo no Senado, na Câmara e no Congresso - Jaques Wagner (PT-BA), José Guimarães (PT-CE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), respectivamente.Para Padilha, a conferência vai servir para afinar a relação interministerial. Ele garantiu que os chefes das pastas têm, sim, a prerrogativa de opinar - como é o caso de Lupi no que tange à Reforma da Previdência.
"Vai haver debate. É absolutamente natural. Não somos o governo da mordaça. O presidente Lula gosta, e faz questão, de ouvir. Mais ouve do que fala".
A ideia, segundo o petista, é manter o espírito de frente ampla que norteou a campanha de Lula e o gabinete de transição. Nove partidos têm representantes no primeiro escalão do governo.
"Este é um governo de frente democrática, ampla. A sociedade brasileira optou por uma frente ampla para encerrar a tragédia que foi Bolsonaro. É um governo democrático, que respeita opiniões diferentes - e elas podem existir. Mas o governo tem uma posição e há uma coordenação de governo, um conjunto de posições feito pelo ministro da Casa Civil, com as instâncias de participação", pontuou.