Jornal Estado de Minas

PEDIDO DE DESCULPAS

Cacique preso por atos bolsonaristas se desculpa com Lula e Moraes

O indígena José Acácio Serere Xavante, preso em dezembro por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), se manifestou em uma carta divulgada nesta quinta-feira (5/1). Ele pediu desculpas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ministro Alexandre de Moraes, por ter cometido um “equívoco”. 




Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Serere foi preso por ordem de Moraes por suspeita de ameaça de agressão e perseguição a Lula. A decisão atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Segundo investigações da Polícia Federal, o indígena realizou manifestações de cunho antidemocrático em diversos locais da capital federal, como em frente ao Congresso Nacional, no Aeroporto Internacional de Brasília, no centro de compras Park Shopping, na Esplanada dos Ministérios e em frente ao hotel onde estão hospedados o presidente e o vice-presidente da República eleitos.

"A manifestação, em tese, criminosa e antidemocrática, revestiu-se do claro intuito de instigar a população a tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo a posse do presidente e do vice-presidente da República eleitos", registrou a PGR. 




Moraes ressaltou que as condutas do investigado apresentam "agudo grau de gravidade" e que Serere Xavante convocou expressamente pessoas armadas para impedir a diplomação dos eleitos.

Pedido de desculpas

Com menos de um mês da prisão, ele divulgou uma carta em que reconhece que cometeu um equívoco “ao defender a tese de que haveria fraude, ou mesmo risco de fraude, nas urnas eletrônicas”. Serere justificou que acreditou em informações erradas fornecidas por terceiros e “desvinculadas da realidade”.

Em seguida, se desculpou com os nomes diretamente afetados: “Peço, humildemente, desculpas ao povo brasileiro por eventuais declarações exageradas que fiz, ao criticar o sistema eleitoral brasileiro. Da mesma forma, peço desculpas ao Supremo Tribunal Federal; ao Tribunal Superior Eleitoral, ao presidente irmão Lula; ao irmão Alexandre; a minha família; à minha querida tribo Xavante, e, aos meus amados irmãos da nossa igreja.".

Leia a carta na íntegra:


Minha prisão tem suscitado uma série de informações desencontradas sobre minha vida, minha família, meus propósitos políticos e pessoais. Então, para desfazer qualquer mal-entendido, por meio desta Nota Oficial, gostaria de registrar publicamente, por decisão própria, livre de qualquer coação, minha posição, reconhecimento e declaração, a seguir.





Antes de mais nada, reconheço que cometi um equívoco ao defender a tese de que haveria fraude, ou mesmo risco de fraude, nas urnas eletrônicas.

Na verdade, não há nenhum indício concreto que aponte para o risco de distorção no resultado às urnas, ou na vontade do eleitor brasileiro.

Defendi a tese da suposta fraude, com base em informações erradas, que me foram fornecidas por terceiros, que, agora, olhando para trás, vejo que estavam inteiramente desvinculadas da realidade.

Não defendi e não defendo ruptura democrática, nem acredito em métodos violentos, e/ou qualquer tipo de violência, como método de ação política.

Sou um xavante, pai, cristão, pastor, criado num local remoto, com muito respeito à verdade, e como tal, entendo que o amor, o perdão e a conciliação são os únicos caminhos possíveis para a vida em sociedade.





Peço, humildemente, desculpas ao povo brasileiro por eventuais declarações exageradas que fiz, ao criticar o sistema eleitoral brasileiro. Da mesma forma, peço desculpas ao Supremo Tribunal Federal; ao Tribunal Superior Eleitoral, ao presidente irmão Lula; ao irmão Alexandre; a minha família; à minha querida tribo Xavante, e, aos meus amados irmãos da nossa igreja.

Para evitar a divulgação de mentiras a meu respeito, bem como qualquer atuação leviana. usando o meu nome, registro aqui que estão autorizados a falar em meu nome, apenas, os advogados constituídos, por mim, nos autos: Jéssica Tavares, Pedro Coelho e João Pedro Mello."