O acampamento de bolsonaristas que ficou montado durante mais de dois meses em frente ao Comando da 4ª Região Militar, na Região Oeste de BH, roubava energia elétrica fazendo o popular “gato”, para abastecer a manifestação. A informação foi divulgada em entrevista coletiva na Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) nesta sexta-feira (6/1), horas após ação do Executivo Municipal que desmobilizou o protesto.
“A operação encontrou uma estrutura com carro de som de alta potência, ligação de luz clandestina, diversas barracas de bebidas, comidas e banheiros químicos no logradouro público, tudo sem o devido licenciamento urbanístico, o que contraria a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a desobstrução de todas as vias e locais públicos relacionados a esses atos”, disse o prefeito Fuad Noman (PSD).
Desde o fim das eleições presidenciais, em 30 de outubro, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ocupavam ao menos duas pistas da Avenida Raja Gabaglia em protesto contra o resultado das urnas e demandando intervenção militar. A estrutura contava com dezenas de barracas, mobília, banheiros químicos e um trio elétrico usado para amplificar discursos, hinos e orações entre os manifestantes.
De acordo com o comandante da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte, Júlio César de Freitas, o gato foi feito para abastecer o veículo com caixas de som e a precariedade da ligação elétrica poderia causar acidentes.
“É o famoso gato. Quando a gente chegou para abordar, identificou que o fio estava no poste. Ele foi retirado pela Cemig, porque corria risco inclusive de acidente com a eletricidade. A Cemig apoiou, retirou o material e a ocorrência está sendo registrada junto à Polícia Civil”, disse o comandante.
A operação da PBH aconteceu um dia após manifestantes agredirem um fotógrafo do jornal Hoje em Dia, que trabalhava no local. O profissional, de 60 anos de idade, passou a noite no hospital após receber ataques na cabeça. Mais jornalistas foram agredidos durante a cobertura da desmobilização do acampamento.