O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), o vereador Gabriel Azevedo (sem partido), repudiou a ação de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra jornalistas durante o desmonte do acampamento na avenida Raja Gabaglia, região Oeste de Belo Horizonte, em frente à Companhia de Comando da 4ª Região Militar, na manhã desta sexta-feira (6/1).
Em nota enviada à imprensa, Azevedo afirmou que o direito à manifestação não se confunde com obstrução de vias públicas e agressões. “A imprensa livre é um dos pilares do Estado Democrático de Direito. A violência contra esses profissionais merece total repúdio”, afirmou.
O vereador concordou com a ação da Prefeitura de Belo Horizonte e enfatizou, ainda, que o fluxo tanto da avenida quanto da política "ganharia muito mais com uma oposição vigilante que jogue dentro das regras democraticas”.
Histórico de agressões
O pronunciamento do presidente da CMBH acontece após jornalistas de vários veículos mineiros serem agredidos durante a cobertura do desmonte do acampamento bolsonarista, em Belo Horizonte. Entre socos e chutes, os profissionais foram impedidos de trabalhar e a Guarda Municipal precisou intervir.
Repórteres da Band Minas, do jornal O Tempo e da Rádio 98 FM foram violentados nesta sexta-feira. Além do confronto corporal, os bolsonaristas tentaram quebrar e danificar os equipamentos utilizados.
Esta foi a segunda agressão a profissionais da imprensa no local na mesma semana. Nessa quinta-feira (5/1), um fotógrafo do jornal Hoje em Dia também foi agredido por manifestantes bolsonaristas que acampam em frente à sede do Exército. Ele tentou se esconder da intimidação atrás de um carro, mas foi arrastado pelo chão, recebeu socos, chutes e pauladas. Como resultado das agressões, sofreu um corte na cabeça e foi levado para uma unidade de saúde, onde recebeu atendimento.
Por meio de nota, a Polícia Civil de Minas afirmou que já está investigando o caso.
‘Pessoas armadas’
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) afirmou, nesta sexta-feira, que os manifestantes bolsonaristas em frente ao quartel do exército na Avenida Raja Gabaglia tinham uma organização para ações deliberadas de violência. O cenário foi descrito pelo secretário Municipal de Segurança e Prevenção, Genilson Ribeiro Zeferino, em entrevista coletiva na sede da administração da cidade.
“Sabíamos da tensão, tínhamos a possibilidade de prender algumas pessoas que já sabíamos que estavam armadas naquele ambiente. Então é bom que a gente aproveite principalmente e diga que os eventos de hoje e de ontem, de agressão, foram feitos por pessoas deliberadas. Parece que elas são escaladas para fazer esse trabalho, você percebe que lá tem um nível de organização que a gente que lida com a segurança o tempo todo em Belo Horizonte, com o crime, a gente nunca viu esse nível de organização e de hierarquia. [...] Essas pessoas que atacaram os jornalistas, elas são como se fossem soldados”, afirmou o secretário.