O governador Romeu Zema (Novo-MG) afirmou, nesta segunda-feira (09/01), que ainda é “prematuro” apontar culpados pela invasão dos Três Poderes, no Distrito Federal, no domingo (08/01), por terroristas bolsonaristas, enquanto não houver “conclusão nos inquéritos”.
O mandatário mineiro saiu em defesa do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), que foi afastado por 90 dias, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. Investigações vão apontar se Ibaneis foi conivente com a ação dos vândalos.
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Quando questionado se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quem apoiou no segundo turno das eleições de outubro, teria alguma parcela de responsabilidade no que aconteceu, Zema também afirmou que ainda não há investigações concluídas e que é “prematuro culpar qualquer pessoa”.
“Eu não sei se nós temos algum inquérito concluído que incrimine alguém. Até que qualquer investigação seja concluída, na minha opinião, é prematuro culpar qualquer pessoa. Mas eu quero deixar claro aqui, a minha opinião, de que condeno qualquer ato de invasão de prédios públicos, de vandalismo, de depredação. Numa democracia você tem que se manifestar com palavras, pode ser até com gritos, mas com esse tipo de ação que aconteceu ontem, nunca”, disse.
Zema repudiou os atos
O governador mineiro usou as redes sociais para repudiar os atos de vandalismo no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, que aconteceram neste domingo (8/1). Em seu perfil no Twitter, Zema disse que não se pode confundir "liberdade" com a depredação de órgão públicos.
Zema, que chegou a fazer campanha para Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno, disse que os atos antidemocráticos dos apoiadores extremistas são inaceitáveis.
"Em qualquer manifestação deve prevalecer o respeito. É inaceitável o vandalismo ocorrido hoje em Brasília. A liberdade de expressão não pode se misturar com depredação de órgãos públicos. No final, quem pagará seremos todos nós", escreveu em seu Twitter.
O governador confirmou que irá reunir-se com o presidente Lula no início da noite desta segunda-feira (09/01), às 18 horas. Lula convocou governadores de todo o país para uma reunião, em que devem promover um manifesto pela democracia e união das instituições contra a ação organizada de vândalos que destruíram prédios dos Três Poderes da República. "Já pedi mudanças aqui na minha agenda, porque precisamos estar todos alinhados para que a nossa democracia seja preservada". Será o primeiro encontro entre Zema e Lula após as eleições de outubro.
Invasão no Congresso
Na tarde desse domingo, bolsonaristas invadiram o Congresso se manifestando contra a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro.
Desde o fim das eleições presidenciais, em 30 de outubro, apoiadores extremistas protestam contra o resultado das urnas e demandam intervenção militar em todo o país.
No ápice do extremismo, bolsonaristas invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, Congresso e STF.
No ato terrorista, partes do patrimônio público - como mesas, cadeiras e armários - foram depredadas pelos extremistas. Dentro do STF, arrancaram a porta do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, principal desafeto dos bolsonaristas.
Com a invasão ao Congresso, Lula decretou a intervenção federal na segurança do Distrito Federal (DF). Ricardo Garcia Capelli, atual secretário-executivo do Ministério da Justiça, será o interventor no DF. A intervenção será feita no âmbito da segurança pública até o dia 31 de janeiro.
De acordo com o ministro da Justiça, Flávio Dino, ao menos 300 terroristas já foram presos.
Cerca de 1.200 bolsonaristas foram detidos no Quartel General do Exército em Brasília (DF), na manhã desta segunda-feira (9/1), em uma operação que desmonta o acampamento dos apoiadores extremistas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em meio a críticas da falta de medidas por parte do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), para conter os manifestantes, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o afastamento do governador por 90 dias.