A segunda-feira (9/1) foi dia de contabilizar os danos causados pelos atos de terrorismo em Brasília-DF do dia anterior. Milhares de bolsonaristas invadiram a Praça dos Três Poderes e, sem resistência policial, entraram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). De volta à capital federal, parlamentares, membros do Judiciário e integrantes da equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostraram detalhes da destruição.
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Vídeo: grupo bolsonarista saiu de Ipatinga para ato golpista em BrasíliaBolsonarista de Sete Lagoas faz vídeo com quadro de Bolsonaro em invasãoHospital em Orlando nega que Bolsonaro esteja internado no localLula: manifestantes queriam 'golpe', e invasão já tinha sido anunciadaRosa Weber destaca unidade nacional em reunião com Lula e governadoresTarcísio para Alckmin: 'Com quem eu tenho que aprender sobre São Paulo'Em nota oficial, o Palácio do Planalto listou, além de perdas estruturais, diversas obras do acervo artístico e arquitetônico que foram vandalizadas. Segundo o diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, o saldo das perdas é incalculável por seu valor histórico e artístico.
A galeria dos ex-presidentes foi completamente destruída, e quadros presentes nos corredores foram rasurados. Algumas imagens mostram retratos vandalizados com desenhos de bigodes em referência ao líder nazista, Adolf Hitler.
Entre as obras artísticas e históricas danificadas está o mural “As Mulatas” de Di Cavalcanti, avaliada em R$ 8 mihões, uma escultura assinada pelo artista plástico Frans Krajcberg e o relógio de Balthazar Martinot, uma das duas únicas peças do relojoeiro do rei francês Luís XIV ainda existentes no mundo e que foi dado de presente ao rei português, Dom João VI.
Congresso Nacional
No Congresso Nacional, os corredores também carregam as marcas dos atos terroristas de domingo. A divisa do Salão Verde, da Câmara dos Deputados, e o Salão Azul, do Senado, por exemplo, foi completamente destruída, bem como as vidraças da fachada do prédio.
A maquete tátil do congresso foi danificada, e diversas estátuas e obras de arte tiveram de passar por um processo de limpeza após a invasão. Além de destruir o patrimônio, os vândalos ainda deixaram excrementos nos prédios públicos, o que pode, de acordo com o governo federal, ajudar no processo de identificação dos responsáveis.
No Senado, obras de arte presentes no museu do prédio foram danificadas e presentes enviados ao parlamento por delegações estrangeiras foram saqueados.
Ao longo do dia, parlamentares fizeram vídeos e fotos mostrando os estragos feitos pelos golpistas dentro dos gabinetes. O deputado federal Reginaldo Lopes, líder do PT na Câmara foi um dos que mostrou os sinais de vandalismo nos escritórios do partido dentro da casa legislativa.
STF
O Supremo Tribunal Federal é um dos alvos mais recorrentes das manifestações bolsonaristas. Durante os ataques de vandalismo, o grupo invadiu o prédio e fez ataques específicos a desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro, como é o caso do ministro Alexandre de Moraes, que teve a porta de seu gabinete arrancada.
Em nota, o STF afirma que a Polícia Federal realizou uma perícia técnica no prédio da corte nesta segunda-feira. Uma perícia externa foi feita com drones e, durante a tarde, iniciaram os trabalhos internos. O edifício-sede está interditado até a conclusão da análise.
Ainda segundo o STF, o trabalho de catalogar e quantificar os prejuízos causados pelas ações terroristas será realizado após as perícias técnicas. Os anexos 1 e 2 do prédio não foram alvos de vandalismo e funcionaram normalmente nesta segunda.
Canal de denúncia
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou a abertura de um canal de denúncia para coletar informações sobre os atentados ocorridos no Congresso e no Palácio do Planalto.
As denúncias são feitas de forma anônima e devem ser enviadas ao e-mail denuncia@mj.gov.br.
Até a tarde desta segunda-feira, mais de 1.200 pessoas foram detidas suspeitas de participação nos atos de vandalismo em Brasília. Em pronunciamento no domingo, o presidente Lula afirmou que as forças de segurança trabalham para encontrar e responsabilizar os financiadores do ato.