Ele faz parte do grupo de dirigentes nomeados reitor pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apesar de não ter sido o mais votado pela comunidade.
Trata-se de Janir Alves Soares, reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em Minas Gerais. Ele foi nomeado pelo ex-ministro Abraham Weintraub em 2019, apesar de ter recebido apenas 8% dos votos - sob Bolsonaro, o MEC fez uma política aberta de nomear como reitores pessoas alinhadas ao governo.
Nas redes sociais, o reitor acumula mensagens questionando os resultados das urnas que elegeram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de apoio aos atos antidemocráticos. No domingo, ele parabenizou, em vídeo, os terroristas que ocuparam os prédios em Brasília.
"Nesta tarde, há poucos minutos, o povo assumiu o comando do Congresso Nacional, de maneira pacífica, onde nós tivemos uma sensibilização, inclusive, das pessoas responsáveis pela guarda do Congresso, pois entenderam que essa casa é do povo e o povo quer respeitos às leis", disse. "Parabéns a todos que não desistiram", completou.
O vídeo foi gravado em uma estrada, onde, segundo o reitor, ele esteve dias antes em um dos atos antidemocráticos que bloquearam vias. Em outras publicações, Soares reproduz fake news que tem sido disseminada por bolsonaristas de que os atos de vandalismos foram praticados por "petistas infiltrados".
À reportagem, Soares disse não ver nenhuma ilegalidade em apoiar os atos golpistas, já que está "apenas expressando visões e opiniões". Ele confirmou que já participou de outras manifestações desse tipo. No fim de novembro, ele foi um dos organizadores de um bloqueio em rodovia em Diamantina, no Jequitinhonha.
"Não é porque sou reitor de uma universidade pública que tenho que aceitar esse resultado das eleições. Eu tenho minha visão e opinião sobre o que está acontecendo no país e tenho direito a ser contrário e me manifestar", disse.
Deputada pediu a exoneração de reitor
O MEC recebeu uma denúncia contra o reitor da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), de Minas Gerais. Como mostrou ontem o Estado de Minas, ela pediu a exoneração do dirigente. O caso já foi encaminhado para a Corregedoria da pasta. A área técnica analisa os requisitos para instauração de procedimento administrativo.
Ainda não há informações sobre quais consequências podem recair sobre o reitor. A equipe do ministro Camilo Santana não descarta que possa haver indicação de afastamento do dirigente após o trâmite legal da denúncia.
Apoiadores do ex-presidente depredaram e invadiram o Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Palácio do Planalto. Em outra publicação, com uma foto dos manifestantes golpistas no Congresso, o reitor afirma que o "povo pediu uma eleição justa, não foram atendidos" e "essas pessoas têm motivos para estar lá".
A reportagem questionou a universidade e não recebeu respostas até a publicação deste texto.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública já recebeu cerca de 30 mil denúncias de possíveis participantes e financiadores dos atos de vandalismo no domingo.
As denúncias estão sendo analisadas pela secretaria de Acesso à Justiça. O balanço corresponde às informações enviadas somente na segunda-feira (9).