O senador mineiro Carlos Viana, do PL, foi um dos 10 contrários ao aval ao decreto de intervenção federal na Segurança Pública do Distrito Federal. O texto, visto pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como saída para estancar os efeitos do ato golpista ocorrido em Brasília no domingo (8), foi aprovado no Senado nesta quarta-feira (10/1), apesar das vozes dissonantes.
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Quatro dos 10 senadores que votaram contrariamente ao decreto são filiados ao PL, partido de Jair Bolsonaro. O ex-presidente é defendido pelos radicais que invadiram o Palácio do Planalto e as sedes do STF e do Congresso Nacional.
Sem provas, os manifestantes questionam a legitimidade da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a despeito da lisura do processo eleitoral, comprovada por observadores nacionais e internacionais.
A intervenção já foi aprovada pelos integrantes da Câmara dos Deputados. Com o aval do Senado, o texto vai à promulgação.
Flávio Bolsonaro defende o pai em sessão
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos que se posicionaram contra a proposta de intervenção, defendeu o pai durante a votação. "Não queiram criar essa narrativa mentirosa, veiculando Bolsonaro a esses atos irresponsáveis", afirmou.
Carlos Portinho (PL-RJ), líder do governo Bolsonaro no Senado durante parte do mandato, afirmou que o momento não é de expor culpados. "Poderíamos apontar o dedo para vários, mas isso não vai nos levar a lugar nenhum. Se houve inação, ela foi generalizada".
Segundo as estatísticas oficiais do Senado, além de Viana, Flávio e Portinho, outros sete congressistas mostraram descontentamento com a intervenção na segurança pública do DF. A lista tem Styvenson Valentim (Podemos-RN), Plínio Valério (PSDB-AM), Eduardo Girão (Podemos-CE), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Zequinha Marinho (PL-PA), Lasier Martins (Podemos-RS) e Marcos do Val (Podemos-ES).
Mais cedo, Ricardo Cappelli, interventor nomeado por Lula para cuidar da Segurança Pública do DF, disse desconfiar de "sabotagem" de Anderson Torres, ex-secretário da pasta. Ex-ministro de Bolsonaro, Torres teve a prisão pedida por Alexandre de Moraes.