A arquiteta e empresária mineira Cristina Garvil, que incentivou por vídeos publicados nas redes sociais os atos antidemocráticos, recebe R$ 17 mil por mês da União com o aluguel de um imóvel onde funciona a Subseção da Justiça Federal de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro.
Os atos terroristas de domingo, em Brasília, atingiram em cheio as instalações do Supremo Tribunal Federal, que é o órgão máximo da Justiça no Brasil.
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O prédio onde funciona a Justiça Federal - Subseção Judiciária de Ituiutaba fica na Rua Vinte e Oito, 1155, no Centro da cidade.
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A empresa de arquitetura da mineira fica na esquina da Avenida Vinte e Um, paralela ao endereço da Justiça Federal.
O contrato foi assinado no dia 20 de dezembro de 2018, em Belo Horizonte, por Eloísa Cruz Moreira de Carvalho, Diretora da Secretaria Administrativa da Justiça Federal de Primeiro Grau em Minas Gerais e, por Cristina
“Segundo o termo aditivo ao contrato n.º 046/2014 de locação de bem imóvel urbano para a Justiça Federal – Subseção Judiciária de Ituiutaba, que entre si, celebram a união, por meio da Justiça Federal de primeiro grau em Minas Gerais e a empresa Garvil & Rodrigues Empreendimentos Imobiliários LTDA”, diz o ofício.
O contrato divulgado pelo Estado de Minas mostra a data de 20/05/2019 até 19/05/2022. No entanto, no site do Tribunal Regional Federal a vigência do acordo entre a Justiça de Minas e a Garvil & Rodrigues, divulga datas diferentes.
O registro expõe que o documento é válido de 20/05/2019 até 19/05/2023.
O registro expõe que o documento é válido de 20/05/2019 até 19/05/2023.
Contrato de aluguel sem licitação
No termo aditivo ao contrato, ao qual o EM teve acesso, consta que o aluguel foi ajustado de R$ 25.596,39, para R$ 17.917,47. Ou seja, na primeira declaração, a empresa de Cristina recebia da Justiça Federal mais de R$ 25 mil por mês.
Segundo fontes ouvidas pela reportagem, o contrato foi firmado com dispensa de licitação. Em algumas hipóteses, a lei permite que isso aconteça.
Nas informações da empresa que constam no site da Receita Federal, a Garvil & Rodrigues Empreendimentos Imobiliários LTDA é uma empresa societária. Os nomes dos outros sócios não estão relacionados no endereço da Receita.
A reportagem entrou em contato com a empresa, mas ninguém atendeu as ligações. Não há registro de que Cristina esteve na capital, no domingo (8/1).
Vida política
Cristina Garvil concorreu ao cargo de deputada federal nas eleições de 2022, tendo 4.981 votos – em 2020 concorreu para prefeita em Ituiutaba e obteve 14,05%. Em ambos os casos, não conseguiu se eleger.
Filiada ao Patriota, foi diretora da Superintendência de Água e Esgotos da cidade.
Acampamento no Tiro de Guerra
Pessoas que conhecem Cristina, mas preferiram ficar no anonimato, disseram ao EM que a empresária comparece a atos golpistas em frente ao quartel do Exército na cidade, desde 2022.
“Desde o ano passado ela ia para o tiro de guerra levar coisas. Ela e um ex-secretário que começaram o movimento aqui”, conta.
Com a repercussão, não é possível mais visualizar os vídeos da política, mas uma das pessoas compartilhou imagens com a reportagem.
“Ela apagou bastante coisa, mas no Instagram dela tem algumas ainda”, diz.
O que dizem as autoridades
O Estado de Minas entrou em contato com a Justiça Federal de Minas Gerais, para entender se continua alugando o espaço de Garvil e o envolvimento dela com a diretora da secretaria administrativa do JFMG, mas até o fechamento desta reportagem não houve retorno.
A reportagem também conversou com o Ministério da Justiça, para entender qual o envolvimento da empresária com os atos antidemocráticos. O MJ pediu para que entrássemos em contato com a Polícia Federal "que está responsável pelas investigações e tomando as medidas cabíveis em cada caso".
A Polícia Federal respondeu que não comenta eventuais investigações em andamento.
O EM aguarda a resposta de ambos citados na matéria. Com o retorno, a matéria será atualizada.