O dono de uma das sete empresas apontadas pela Advocacia-Geral da União (AGU) como financiadoras e patrocinadoras dos atos golpistas ocorridos em Brasília (DF), no domingo (8/1), nega ter ajudado os radicais. Hermes Leonel Rodrigues, um dos sócios da Gran Brasil Viagens e Turismo, localizada em Frutal, no Triângulo Mineiro, diz que nenhum de seus 10 ônibus transportou manifestantes rumo à capital federal.
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Terrorismo em Brasília: governo quer bloqueio de R$ 6,5 mi de 52 suspeitosCartão corporativo: gasto de um dia em refeições daria para 6 mil marmitasLista da AGU: 8 financiadores dos atos golpistas em Brasília são de MinasFazendeiro e primo de prefeito de MG teve ajuda para ir a ato em BrasíliaAnderson Torres afirma que documento de teor golpista 'seria triturado'PF acha na casa de Torres minuta para Bolsonaro mudar resultado eleitoralGoverno Lula vai manter privatização do metrô de BHAo Estado de Minas, Hermes disse ter sido procurado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para tratar da possibilidade do aluguel de coletivos para uma viagem a Brasília. O interesse, diz ele, não se transformou em prestação de serviço. O empresário afirmou que, antes, foi sondado por interessados em assistir à posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Nem sei do que se trata. Me procuraram para ir a Brasília para a manifestação do Bolsonaro e para a posse de Lula. Em nenhuma hipótese, fechei viagem. Em 2023, nenhum veículo meu pisou em Brasília. Já faz mais de ano que não pego viagem para lá", disse, em entrevista por telefone.
Hermes afirmou ter descoberto pela imprensa a inclusão do nome de sua empresa na lista entregue pela AGU à seccional brasiliense da Justiça Federal. Segundo ele, se preciso for, vai entregar ao Judiciário um documento com a relação de viagens feitas por sua firma.
"Muitos vão falar que são inocentes. Eu, verdadeiramente, sou inocente", assegurou.
O fretador garantiu, ainda, que tem evitado aceitar trabalhos que têm a capital federal como destino. O motivo, de acordo com ele, é o acirramento do ambiente político nacional.
No domingo, os vândalos que foram se manifestar na Praça dos Três Poderes invadiram e destruíram partes do Palácio do Planalto e das sedes do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional.
Segundo a Receita Federal, a Gran Brasil passou a funcionar em 2004. As informações do órgão atribuem à empresa os serviços de transporte escolar, organização de excursões intermunicipais, interestaduais e internacionais em veículos rodoviários próprios, bem como transporte rodoviário de carga - à exceção de produtos perigosos e mudanças. O capital social do empreendimento, ainda conforme os dados da Receita, é de R$ 120 mil.
A AGU pediu o bloqueio de R$ 6,5 milhões em bens das 52 pessoas físicas e das sete pessoas jurídicas citadas. As cifras são tratadas como preliminares, uma vez que apenas a Câmara dos Deputados calcula rombo superior a R$ 3 milhões.
AGU diz ter feito a lista com apoio da ANTT
Para apontar as empresas e pessoas com indícios de participação nos atos golpistas, a AGU contou com o apoio da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Segundo o governo federal, documentos fornecidos pela agência evidenciam que os citados na lista participaram do financiamento dos atos. Os papéis também foram encaminhados à Justiça.
"A partir desse transporte e aglomeração de manifestantes é que se desenrolou toda a cadeia fática que culminou com a invasão e depredação de prédios públicos federais, como adiante será mais bem explicitado", lê-se em trecho da petição da AGU.
Em Frutal, onde vivem cerca de 60 mil pessoas, Bolsonaro recebeu os votos de 56,17% dos votos válidos. Lula, o vencedor da disputa nacional, ficou com 43,83%.