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Estado de Minas APURAÇÃO

MPMG busca mineiros golpistas e se ampara em denúncias para acionar STF

Procurador-Geral de Justiça quer saber se há cidadãos e parlamentares do estado envolvidos no vandalismo promovido por extremistas em Brasília (DF)


13/01/2023 18:41 - atualizado 13/01/2023 19:06

Radicais bolsonaristas na Praça dos Três Poderes
Extremistas tomaram prédios dos Três Poderes da República no domingo (8) (foto: Sergio Lima / AFP)
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) se ampara em representações feitas por representantes do PT e por uma denúncia anônima encaminhada via Ouvidoria para reforçar um pedido feito ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (13/1). A ideia é buscar, junto à Corte, informações sobre a participação de moradores do estado nos atos golpistas de Brasília (DF). O documento já foi enviado ao gabinete da ministra Rosa Weber, presidente do STF.

Durante a manhã de hoje, o MP de Minas informou que o pedido seria enviado a Rosa Weber. No fim da tarde, a entidade confirmou, ao Estado de Minas, que o documento já foi remetido à Corte. A ideia é entender se, além de cidadãos comuns, há parlamentares eleitos por Minas na lista de pessoas que deram algum tipo de apoio às cenas de vandalismo.

No texto que abre o pedido, o procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Jarbas Soares, reivindica informações sobre procedimentos "cuja competência seja da Justiça Estadual de Minas Gerais e, consequente, de atribuição, do Ministério Público Estadual, para que se possa tomar providências".

O material encaminhado ao Supremo tem, como um dos anexos, uma representação apresentada pela direção do PT mineiro, cujo presidente é o deputado estadual Cristiano Silveira. No início da semana, o partido solicitou ao MP de Minas uma série de providências relacionadas ao movimento extremisa ocorrido na capital federal e aos acampamentos antidemocráticos montados em solo mineiro.

No dossiê encaminhado pelos petistas ao MPMG - e, agora, repassado ao STF -, há informações que apontam Minas Gerais como o estado responsável por emplacar dois dos 87 ônibus que tiveram a apreensão pedida após os atos golpistas. Os veículos, utilizados para transportar radicais de todo o país em direção à capital federal, foram listados em decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Além da direção estadual petista, o gabinete da deputada estadual Andréia de Jesus, que é filiada ao partido, também cobrou participação do MP mineiro na identificação de possíveis habitantes do estado envolvidos no quebra-quebra.

Post de deputado gera denúncia ao MP de Minas

O STF recebeu, ainda, cópia de uma denúncia recebida pela Ouvidoria do MPMG sobre possível incentivo do deputado estadual Sargento Rodrigues (PL) ao movimento que culminou em vandalismo. No início da semana, um cidadão enviou anonimamente, aos procuradores do MP mineiro, informações a respeito de postagem feita pelo deputado em tom de defesa ao movimento.

Rodrigues, aliás, consta em uma petição enviada pelo Grupo Prerrogativas ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral (STF). Os advogados da coalizão querem impedir a posse de deputados eleitos que, supostamente, teriam dado algum tipo de apoio, ainda que intelectual, ao movimento que, sem provas, contesta a vitória eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No domingo (8), enquanto apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tomavam o Palácio do Planalto, a sede do Congresso e o prédio do STF, Rodrigues publicou, no Instagram, um vídeo de um homem participando da tomada dos edifícios.

De Roma, na Itália, onde passa férias com a família, ele voltou às redes para afirmar que não participou da manifestação na capital federal e que, ao publicar as imagens, estava fazendo uma análise "política e jurídica" da conjuntura nacional. "Nunca apoiei qualquer vandalismo, depredação ou violência", assegurou.

A solicitação enviada por Jarbas Soares a Rosa Weber foi remetida, também, ao subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos. Ele está atuando diante dos fatos a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras.

Oito moradores de Minas acusados pela AGU

Ontem, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu à Justiça Federal o bloqueio de R$ 6,5 milhões em bens de 52 pessoas físicas e sete empresas apontadas como financiadoras dos atos. Na lista, há oito moradores de Minas Gerais e uma firma de fretamento de ônibus sediada em Frutal, no Triângulo.

O pleito é para que os acusados tenham de arcar com os custos da reconstrução dos prédios, assim como deve acontecer com os golpistas que, de fato, depredaram as estruturas. Os R$ 6,5 milhões pedidos pela AGU são encarados como uma espécie de valor mínimo, pois apenas a Câmara dos Deputados trabalha com a possibilidade de ter de cobrir um rombo superior a R$ 3 milhões.

A Gran Brasil Viagens e Turismo, empresa de Frutal presente na lista da AGU, nega ter fornecido ônibus aos golpistas. Hermes Leonel Rodrigues, um dos donos da frota, quer apresentar à Justiça a lista de viagens pela empresa para tentar se livrar da acusação.

"Nem sei do que se trata. Me procuraram para ir a Brasília para a manifestação do Bolsonaro e para a posse de Lula. Em nenhuma hipótese, fechei viagem. Em 2023, nenhum veículo meu pisou em Brasília. Já faz mais de ano que não pego viagem para lá", pontuou.


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