Brasília – Após o cenário de guerra causado pelo ataque de bolsonaristas do último domingo, a equipe do museu do Senado e dos serviços de conservação e reparação da Casa trabalha para que as obras de arte sejam reparadas com a maior brevidade e voltem a ser expostas à população. Para que isso aconteça, a recuperação do acervo histórico pode custar cerca de R$ 1 milhão. Uma estimativa inicial, que, além do acervo histórico e artístico, inclui vidraças, carpetes e outros elementos construtivos, é de danos totais entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões, de acordo com a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka. A informação sobre os tesouros históricos foi passada na manhã dessa sexta-feira (13/1) pela chefe do Serviço de Gestão de Acervo Museológico (Segam), Maria Cristina Monteiro. Ela esclareceu as dúvidas da imprensa durante coletiva com a participação de outros profissionais que conduzem os serviços de reparação das obras da Casa
“Na verdade, ainda não existe um orçamento fechado. O levantamento de preços leva um pouco de tempo, porque é uma pesquisa de mercado. Mas em média a gente está orçando em torno de R$ 800 mil a R$ 1 milhão de custo de obras de arte. Mas pode ser que esse valor seja menor, porque algumas pessoas passaram o valor da obra em si. Precisamos detalhar o valor somente da restauração. Então, ainda não temos esse valor detalhado”, disse.
De acordo com ela, dos 14 itens danificados, 11 já foram levados para o laboratório do próprio Senado, à exceção do painel vermelho de Athos Bulcão, da tapeçaria de Burle Marx e do quadro "Ato de assinatura do projeto da 1ª Constituição", de Gustavo Hastoy.
Ela explicou como está sendo o processo inicial até a emissão de um laudo definitivo: “Num primeiro momento, nós identificamos as obras que foram danificadas. Depois é feito um diagnóstico mais apurado. Então fazemos a identificação das obras que precisam de restauro. Depois da identificação, cada objeto vai passar por um diagnóstico mais aprofundado, porque aí você vai ver o material necessário, a pigmentação necessária. Em seguida é que é feita a higienização e depois o restauro dessas peças”, revelou.
Maria Cristina explicou que as 11 obras levadas ao laboratório, como o mobiliário do século 19, o tinteiro de bronze da época do Império e um quadro de Guido Mondim, serão restauradas pelos próprios profissionais de conservação e restauração da Casa. Dos cinco quadros de Urbano Villela, que ficavam na galeria dos ex-presidentes, quatro serão refeitos pelo próprio artista e outro será restaurado pelos profissionais do laboratório. Segundo Maria Cristina Monteiro, o Segam tem contado com a ajuda de parceiros para que a restauração seja agilizada.
“Estamos contando com o apoio de algumas instituições, como o Instituto Federal de Brasília (IFB), que já era nosso parceiro na restauração de móveis assinados, embora não de móveis do Império. A Secretaria de Cultura do Distrito Federal está cedendo mão de obra: as pessoas vão fazer um rodízio e vão nos ajudar a restaurar o painel do Athos Bulcão. E a gente está em contato também com o Instituto Burle Marx para resolver o restauro da tapeçaria”, detalhou.