O ministro de Minas Energia, Alexandre Silveira, classificou como “infeliz e irresponsável” a fala do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que acusou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de fazer “vista grossa” contra os ataques terroristas aos Três Poderes.
Para Silveira, que já foi senador por Minas Gerais, “há muito não se ouvia algo tão estarrecedor e absurdo”. “Sua declaração deve ser repudiada”, disse.
“Essa postura em nada colabora para a apuração dos fatos criminosos nem para a pacificação que se espera do país. Ao contrário, inventa teorias absurdas. As ações criminosas de extremistas em atos antidemocráticos são inadmissíveis e deverão ser punidas com o rigor da lei”, afirmou o ministro.
Ainda para Silveira, apesar dessa “atitude desrespeitosa e descabida do governador”, o governo tem compromisso de continuar trabalhando para beneficiar as mineiras e os mineiros. “O momento exige responsabilidade de todo”, concluiu.
Entrevista de Zema
Em entrevista à Rádio Gaúcha, na manhã desta segunda-feira (16/1), o governador mineiro afirmou que o governo federal fez "vista grossa" em relação aos atos terroristas do Distrito Federal para que pudesse sair como "vítima" da história.
Zema disse que qualquer declaração dita antes da conclusão das investigações é "achismo", mas que ele pode "supor" que houve uma omissão por parte dos órgãos de segurança do Governo Lula.
"Me parece que houve um erro da direita radical, que é minoria. Houve um erro também, talvez até proposital, do governo federal, que fez vista grossa para que o pior acontecesse e ele se fizesse, posteriormente, de vítima. É uma suposição. Mas as investigações vão apontar se foi isso", disse em entrevista à Rádio Gaúcha.
"Tudo é uma suposição, qualquer conclusão agora é prematura, mas o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que está subordinado ao Ministério da Justiça foi comunicado previamente da situação e não se mobilizou, não fez nenhum plano de contingência", continou Zema.
Ao afirmar que a direita radical "foi minoria" nos ataques golpistas aos prédios da Praça dos Três Poderes, Zema endossa um discurso que cresce nas redes sociais, de que os atos teriam "infiltrados".
Invasão aos Três Poderes
Vestidos de verde e amarelo, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) nesse domingo (8/1). Estima-se que 4 mil pessoas participaram da ação em Brasília. Até terça-feira (10/1), cerca de 1.200 estavam detidas.
Inconformados com a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os bolsonaristas ocuparam os Três Poderes para pedir um golpe militar. Foram quebrados objetos históricos, obras de arte, móveis e vidraças. Houve invasão a gabinetes e roubo de documentos e armas.
Após o ataque, o presidente Lula decretou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal. Horas depois, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu afastar Ibaneis Rocha do governo do DF por 90 dias.
Na segunda-feira (9/1), Lula e representantes de todos os estados fizeram reunião pela democracia. Depois, caminharam juntos do Planalto ao STF.
Também na segunda, os acampamentos de bolsonaristas golpistas foram enfim desmontados após ordem do STF. Mais de 1,2 mil foram detidos em Brasília. Concentrações também foram desfeitas em São Paulo, no Rio de Janeiro e em outras capitais. Na maioria dos casos, sem confrontos.
Até o momento, as investigações avançam e miram os financiadores dos ataques. O governo diz que pessoas de ao menos 10 estados bancaram ataques.