Testemunhas reconheceram o bolsonarista Antônio Cláudio Alves Ferreira, que se destacou durante os atos terroristas no Distrito Federal (DF), em 8 de janeiro, que destruiu parte dos prédios dos Três Poderes. Na ocasião, Antônio Cláudio foi flagrado pelas câmeras de segurança com a blusa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e quebrando o relógio de Dom João VI. Uma das testemunhas que o reconheceram, de acordo com informações dos repórteres Patrik Camporez e Paolla Serra, do jornal "O Globo", é a irmã de Ferreira.
Rosinaline Alves Ferreira, irmã de Antônio Alves, que está desaparecido, disse que está "muito triste" e "preocupada" com a situação.
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Desde novembro, segundo ela, Ferreira deixou de fazer os pagamentos mensais de R$ 400, justificando ter gastado dinheiro com as recorrentes viagens a Brasília, onde participava do acampamento em frente ao Quartel General do Exército. A dona do imóvel, que pediu para não ser identificada porque teme retaliação, conta ainda ter ficado estarrecida quando reconheceu o seu inquilino nas imagens que circularam pelo país afora.
Na residência de Ferreira, a fachada da casa abandonada exibe uma bandeira do Brasil e um adesivo com a foto, nome e o número de campanha de Bolsonaro colado na parte superior do portão de entrada de veículo.
O pintor Valderlei Gonçalves, que mora em um imóvel construído nos fundos do mesmo terreno e teve acesso ao interior da residência, relata que o suspeito deixou para trás uma Bíblia, uma faca, um boné com o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro, roupas e uma panela cheia de arroz.
O pintor conta ainda que em cima do sofá havia um caderno com anotações escritas à mão ao lado do nome “BOLSONARO”, em letras garrafais. Uma delas é o endereço de um site com informações falsas sobre as urnas eletrônicas.
“Antes daquela bagunça lá em Brasília, ele (Ferreira) colocava o hino da Bandeira e tocava durante três horas aquela barulheira”, contou o vizinho, relembrando que o suspeito sumiu da residência um dia após o episódio que o tornou conhecido.
Informações levantadas por investigadores apontam que o automóvel de Ferreira foi flagrado na madrugada do dia 9 de janeiro por câmeras de uma rodovia dirigindo de Brasília para Catalão, a 314 quilômetros da capital federal. Em nota enviada a "O Globo", a Polícia Civil de Goiás confirma que "tem contribuído com a Polícia Federal com informações sobre um suspeito de atos de vandalismo no Palácio do Planalto que teria moradia em Goiás". A PF não comenta investigações em curso.
Ex-chefe de Ferreira em uma oficina mecânica da região, Fernando Zorzetti também confirma ter reconhecido o ex-funcionário após ver a imagem na televisão. Ele disse que o golpista era "uma pessoa simples" e que acredita que "pode ter confundido" o relógio centenário "com um vaso de planta".
“Eu vi na televisão. Era ele mesmo. Eu tenho 100% de certeza que é ele. Fiquei assustado. Como assim, o Claudinho?" afirmou Zorzetti.
“Pode ter passado na cabeça que aquilo (o relógio) era um vaso de planta ou um trem qualquer, sem ter noção que era um patrimônio histórico ou relíquia. Se as imagens não forem montagens ou se ele não tiver irmão gêmeo, é ele com certeza”, completou.
A relíquia de Dom João VI estilhaçada no Planalto é uma das duas peças existentes do relojoeiro francês Balthazar Martinot. A outra está exposta no Palácio de Versalhes, na França, no quarto que foi da rainha Maria Antonieta, e tem metade do tamanho do item destruído pelo mecânico. Símbolo do vandalismo provocado pelos invasores, o presente histórico só poderá ser reconstruído com ajuda internacional.
Pessoas que tiveram contato com Ferreira relatam que ele costumava mandar mensagens com vídeos em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e com registros de acampamentos golpistas localizados em frente ao QG do Exército. No perfil do WhatsApp do mecânico, há uma foto do acampamento com um boneco extraterrestre verde segurando uma faixa com uma mensagem inconstitucional: "Intervenção militar com Bolsonaro no poder".
Com informações do jornal O Globo.