O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que ainda está nos Estados Unidos, rebateu, via Telegram, as acusações de ser o responsável pela situação miserável em que se encontram os povos yanomamis, em Roraima, no Norte do país. De acordo com a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara (PSOL-SP), 570 crianças morreram de fome nos últimos 4 anos. Para Bolsonaro, as acusações são uma “farsa da esquerda”.
De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas, 99 crianças dos povos Yanomamis que residem em Roraima morreram em decorrência do avanço do garimpo ilegal na região. Os dados são de 2022 e as vítimas foram crianças entre um e 4 anos. Além disso, de acordo com Guajajara, 700 pessoas estão em atendimento.
Os dados e as imagens foram revelados pelo portal de jornalismo baseado na Amazônia Sumaúma. A reportagem apontou que, durante o governo de Jair Bolsonaro, o número de mortes de crianças com menos de 5 anos por causas evitáveis aumentou 29% no território Yanomami.
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Bolsonaro usou o Telegram para se defender. Em um texto intitulado “Contra mais uma farsa da esquerda, a verdade”, o ex-presidente listou as ações que o seu governo teria realizado em prol dos povos indígenas.
“Contra mais uma farsa da esquerda, a verdade! De 2020 a 2022, foram realizadas 20 ações de saúde que levaram atenção especializada para dentro dos territórios indígena”, relatou Bolsonaro.
“De 2020 a 2022, foram realizadas 20 ações de saúde que levaram atenção especializada para dentro dos territórios indígenas, especialmente em locais remotos e com acesso limitado. Foram beneficiados mais de 449 mil indígenas, com 60 mil atendimentos. O Governo Federal encaminhou 971,2 mil unidades de medicamentos e 586,2 mil unidades de equipamentos de proteção individual (EPI), totalizando 1,5 milhão de insumos enviados para essas operações”, continuou.
Apesar da listagem, Bolsonaro não explicou ou citou a situação precária em que os povos yanomamis de Roraima se encontram. Ele apenas afirmou que os Ministérios da Saúde, da Defesa e dos Direitos Humanos trabalharam em prol desses mesmos povos em várias oportunidades.
“As 20 operações contaram ainda com parceria do Ministério da Defesa, além de outras organizações governamentais e não governamentais. Foram atendidas localidades dos seguintes distritos: Alto Rio Negro, Vale do Javari, Leste de Roraima, Yanomami, Amapá e Norte do Pará, Xavante, Araguaia, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Alto Rio Juruá, Kayapo do Pará, Guama Tocantins e Alto Rio Solimões”, destacou.
A ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos de Bolsonaro e, agora, senadora eleita Damares Alves (PL-DF) afirmou que a responsabilidade de acompanhar a política indigenista era de outras pastas. Ela somente acompanhava as denúncias relativas à violação de direitos das crianças indígenas. Damares ainda defendeu o ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando que “não houve omissão”.
“Sei que a Sesai e a Funai trabalharam muito no governo Bolsonaro. Não houve omissão. As imagens que estão sendo divulgadas me causam dor e tristeza, em especial por toda minha luta pelas crianças indígenas”, disse a senadora eleita ao site da Revista Veja.