O ministro da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Flávio Dino (PSB-MA), vai determinar a abertura de inquérito para entender o que levou o povo yanomami de Roraima (RR) a altos níveis de desnutrição e precariedade. De acordo com Dino, a apuração vai determinar se houve crime de genocídio e quais crimes ambientais foram cometidos.
Além disso, a partir de segunda-feira (23/01), a Polícia Federal (PF) ficará responsável pela investigação determinada pelo MJSP, para apurar as responsabilidades e punir os culpados.
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“É desumano o que eu vi aqui. Sinceramente, se o presidente que deixou a Presidência esses dias, em vez de fazer tanta motociata, tivesse vergonha e viesse aqui uma vez, quem sabe esse povo não tivesse tão abandonado como está”, disse Lula.
O deputado federal André Janones (Avante-MG) afirmou, via redes sociais, que o responsável pela situação precária dos Yanomamis é o ex-presidente Jair Bolsonaro. O parlamentar ainda relembrou que Bolsonaro gastou R$104 mil em apenas um dia, em um restaurante pequeno de Boa Vista, em Roraima, mesmo estado em que os indígenas passam fome.
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara (PSOL-SP), também responsabilizou Bolsonaro. De acordo com a ministra, houve omissão por parte do governo anterior.
“Precisamos responsabilizar o governo anterior por ter permitido que essa situação se agravasse com o povo Yanomami ao ponto da gente chegar aqui e encontrar adultos com peso de criança, e crianças em uma situação de pele e osso”, afirmou Sônia.
O líder do governo no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), culpou a ex-ministra dos Direitos Humanos, a senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF). Via redes sociais, Randolfe afirmou que ela cometeu o crime de prevaricação.
“Alguém sabe onde estava a ministra dos Direitos Humanos e hoje Senadora, Damares Alves, enquanto se praticava Genocídio contra o Povo Yanomami?? Aviso: Omissão e Prevaricação são CRIMES e serão apurados”, afirmou.
Já o ex-presidente Jair Bolsonaro se defendeu das acusações. Pelo Telegram, Bolsonaro afirmou que iria mostrar “verdades” contra a “farsa da esquerda” e listou os feitos que o seu governo havia realizado em prol dos povos indígenas.
Os dados foram revelados pelo portal de jornalismo baseado na Amazônia Sumaúma: 570 crianças Yanomami morreram nos últimos quatro anos por doenças que têm tratamento. A reportagem apontou que, durante o governo de Jair Bolsonaro, o número de mortes de crianças com menos de 5 anos por causas evitáveis aumentou 29% no território Yanomami.