O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou, em entrevista à GloboNews na manhã desta terça-feira (24/1), que os acampamentos golpistas em frente ao quartel acabaram virando “um clube de amigos”.
Para o ministro, o erro das Forças Armadas foi permitir que os passageiros de ônibus fretados entrassem no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.
Segundo ele, isso contribuiu para que os cerca de 200 bolsonaristas radicais que ocupavam a frente do QG se "multiplicassem".
"Se você perguntar qual foi o erro, que é uma ótima pergunta, foi se ter permitido que as pessoas que vieram nos 130 ônibus para Brasília pudessem entrar no acampamento. Se tivessem ficado do lado de fora, numa praça qualquer, o problema era do GDF. Como entrou no território do Exército, parece que aqueles 200 se multiplicaram, viraram 5 mil e aconteceu aquela vergonha", disse.
O ministro também disse que não se arrepende de ter chamado os acampamentos de democraticos. "Quando eu disse 'democráticos'. Se eu vim para conversar, não podia dizer 'vou discutir com bandidos, com vândalos'. Eu tinha que criar um link qualquer para criar um vínculo de confiança. Não me arrependo, não", afirmou.
Troca de comando
O ministro da Defesa disse também que existe um "ambiente político muito forte" no Exército e que a troca no comando da corporação no último fim de semana foi "acertada". O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu o então comandante do Exército, general Júlio César de Arruda. O general Tomás Paiva foi anunciado como novo comandante.
"[O que levou à demissão] não era só [a situação] o Cid, outras coisas, a questão dos acampamentos, como se portou de pronto no dia 8. Foi uma série de coisinhas que foram acontecendo. Gosto muito do general Arruda, de quem me tornei amigo. Lamentei bastante [a demissão], mas tem certas decisões que a gente tem que tomar. E tenho absoluta que foi a decisão acertada. Foi o que fizemos e o presidente ficou satisfeito", afirmou.