O ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Alexandre Padilha (PT), disse nesta sexta-feira (27/1) que o governo federal vai organizar uma reunião para tratar dos termos do acordo de reparação pela tragédia de Mariana, na Região Central de Minas Gerais. A ideia é que os governos mineiro e capixaba participem do encontro.
Os estados buscam obter indenização por causa dos impactos socioambientais deixados pelo rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, em novembro de 2015.
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"Queremos velocidade na negociação final desse acordo", completou.
Tragédia
O derramamento dos rejeitos armazenados na barragem das mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton ceifou 19 vidas e destruiu o distrito de Bento Rodrigues. O Espírito Santo foi afetado por causa da lama que tomou o Vale do Rio Doce.
Em agosto passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR), o governo Mineiro e o poder Executivo capixaba propuseram indenização de R$ 65 bilhões, parcelada em 16 anos. As cifras, contudo, foram recusadas pelas companhias. A mesa de negociação tocada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) chegou a ser encerrada, mas, em outubro, Zema admitiu a possibilidade de voltar a conversar.
O ofício levado pelo político do Novo a Lula com as demandas mineiras dá atenção especial ao acordo de Mariana. O governador crê que a entrada do governo federal no processo pode agilizar o pagamento da indenização, que deve girar em cifras bilionárias.
"São pontos fundamentais para o povo mineiro, pois vai possibilitar que obras importantes sejam executadas, principalmente na região da bacia do Rio Doce, já que a maior parte desse recurso será destinado para essas cidades. Espírito Santo, Minas Gerais e União estão com tratativas avançadas, e queremos que o Governo Federal encerre esse processo, que será bom para ambas as partes", disse, após o encontro com o presidente.
Há dois anos, o governo mineiro e a Vale acertaram o pagamento de R$ 37,68 bilhões por parte da mineradora, em virtude da tragédia de Brumadinho. O caso ocorreu em 2019. O dinheiro tem sido utilizado para bancar reparações à área atingida e tem destinação prevista também para obras de infraestrutura em outras partes do estado.
Padilha diz que Recuperação Fiscal 'não foi tratada'
O material encaminhado por Zema pede ainda agilidade do governo federal nos trâmites para concluir a adesão de Minas Gerais ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) federal. O pacote de ajuste contábil é visto pelo Palácio Tiradentes para renegociar uma dívida de quase R$ 150 bilhões contraída junto à União.Segundo Alexandre Padilha, os governadores não abordaram, durante a reunião com Lula, da possibilidade de rever as regras de refinanciamento dos débitos estaduais.
"Não foi tratado esse tema. Todos os governadores e governadoras falaram. Nenhum tratou desse tema, dos Regimes de Recuperação Fiscal", garantiu.
O pacote inclui, por exemplo, a privatização de empresas públicas. O governo tenta, na Assembleia Legislativa, conseguir autorização para vender ao menos uma fatia da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e, assim, sinalizar a disposição de renegociar o débito.
"Queremos agilidade do governo federal em programas que estão em andamento, como o metrô de Belo Horizonte, que já foi concedido, e também o Regime de Recuperação Fiscal, que já está avançado na Secretaria do Tesouro Nacional e vai possibilitar um equilíbrio nas contas do estado", cobrou Zema.