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Estado de Minas ATAQUES AOS TRÊS PODERES

PGR denuncia à Justiça mais 150 por atos golpistas em Brasília

Desde o início das investigações, 274 pessoas já foram denunciadas. Fazendeiro mineiro foi preso em operação da PF


28/01/2023 04:00 - atualizado 28/01/2023 07:14

Procuradoria-Geral da República e Polícia Federal seguem nas investigações sobre golpistas que depredaram prédios públicos em 8 de janeiro
Procuradoria-Geral da República e Polícia Federal seguem nas investigações sobre golpistas que depredaram prédios públicos em 8 de janeiro (foto: ED ALVES/CB/D.A PRESS)

Brasíla - A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou, ontem, mais 150 pessoas que participaram dos ataques golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. Eles foram presos no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, no dia seguinte aos atos, e podem responder por associação criminosa e incitação ao crime por provocar animosidade entre as Forças Armadas e os três Poderes.

Ao todo, a PGR já denunciou 254 pessoas pelos ataques na capital federal. As denúncias são assinadas pelo coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, e narram a sequência dos acontecimentos. Ainda ontem, a Polícia Federal realizou a Operação Lesa Pátria, terceira fase da investigação contra participantes e financiadores dos atos golpistas de 8 de janeiro. Foram cumpridos 11 mandados de prisão e 27 de busca e apreensão em Minas Gerais (onde um fazendeiro e outras pessoas foram detidos), Santa Catarina, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Paraná e Espírito Santo.

O subprocurador Carlos Santos disse que o acampamento em frente ao QG continha “uma evidente estrutura a garantir perenidade, estabilidade e permanência” dos extremistas. O local tinha barracas que funcionavam como cozinha, banheiros e até um centro com equipamentos para a realização de lives e gravação de conteúdos golpistas. Havia ainda uma feira, transporte, teatro de fantoches, massoterapia e assistência religiosa e psicológica.

O documento que acompanha as denúncias não descarta que outros crimes sejam imputados aos suspeitos, com a possibilidade de aditar às denúncias ou oferecer novas. Santos cita ainda que não é possível denunciar os envolvidos por terrorismo e frisa que o ato deve ser caracterizado por razões de xenofobia, discriminação, preconceito de raça, cor, etnia ou religião. O subprocurador diz ainda que o Ministério Público Federal não pode oferecer acordo de não persecução de pena, já que os crimes tinham como objetivo a tomada violenta do Estado democrático de direito.

O MPF solicita, ainda, além da condenação dos 150 denunciados, que sejam condenados a pagar indenização mínima, “ao menos em razão dos danos morais coletivos evidenciados pela prática dos crimes imputados”. O MPF também pede a continuidade das investigações, com oitiva de testemunhas, que devem ser ouvidas em blocos de 30. O pedido decorre do grande número de envolvidos e tem o propósito de agilizar os próximos passos.


ZONA DA MATA 


O fazendeiro Fernando Junqueira Ferraz Filho, de Leopoldina, na Zona da Mata, é um dos alvos da Polícia Federal na terceira fase da Operação Lesa Pátria, desencadeada ontem em cinco estados e no DF. Pelo menos seis pessoas foram presas. Junqueira é investigado por envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro, e se notabilizou por ter gravado um vídeo agradecendo a amigos por financiarem sua ida à capital federal. A Polícia Federal cumpriu ontem 27 mandados de busca e apreensão, sendo quatro deles em Minas. Outras duas pessoas da Zona da Mata foram presas também por participação nos ataques.


Junqueira gravou dois vídeos em momentos diferentes dos atos bolsonaristas. Em ambos ele agradece a amigos de Leopoldina e diz que houve uma contribuição para sua presença em Brasília. “A meu amigo Tonico e a todos os leopoldinenses que contribuíram para que nós pudéssemos estar aqui representando vocês. Saibam que não foi à toa. Estamos em concentração em frente ao QG de Duque de Caxias. Estamos aguardando orientações para seguirmos para a Praça dos Três Poderes. A multidão não para de chegar, já tem mais de 10 mil ônibus aqui, barracas e acampamentos. Podem ter certeza, não arredaremos o pé enquanto nossos objetivos de liberdade não forem alcançados. Chega da ditadura da toga”, diz o fazendeiro em trecho do vídeo.

Junqueira é primo do prefeito de Leopoldina, Pedro Augusto Junqueira Ferraz (PL). Mas o mandatário da cidade, correligionário do ex-presidente Jair Bolsonaro, se manifestou contra os ataques golpistas e afirmou que a responsabilidade pela participação é exclusivamente de Fernando Junqueira. A terceira fase da operação que investiga participantes, fomentadores ou financiadores dos atos golpistas de 8 de janeiro foi deflagrada nessa sexta-feira.

Segundo a PF, os fatos investigados constituem os crimes de abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.



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