Um dos principais estrategistas da campanha de recondução de Rodrigo Pacheco (PSD) à presidência do Senado Federal, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) utiliza da habilidade de quem já foi quatro vezes presidente da Casa para levar o parlamentar eleito por Minas Gerais novamente ao posto mais importante de todo Congresso Nacional. Pacheco vai para o confronto com Rogério Marinho (PL-RN) e Eduardo Girão (Podemos-RN), este com chances de alcançar vitória beirando o nulo.
Calheiros conversou na noite desta segunda-feira (30/1) com o Correio Braziliense. Na entrevista, o alagoano afirmou que a expectativa dele que Pacheco tenha 55 votos, defendeu a reforma tributária e discussão sobre âncora fiscal e teceu críticas à candidatura de Marinho. "[...] a candidatura dele é uma candidatura errada no momento errado".
Estou ajudando, e o MDB está dedicado. Ele é franco favorito, e isso é bom. Espero que esse Senado mais pacificado tenha na reeleição do Rodrigo um momento para avançar.
Acho que precisamos ter uma pauta do Legislativo que não conflite com a do Executivo, mas uma pauta em que o Legislativo também tenha rumos com relação ao aprimoramento institucional e às prioridades da economia, como a reforma tributária.
A expectativa é de que o Rodrigo tenha 55 votos, um pouco mais ou um pouco menos. Acredito que terá em torno de 5 votos do PL, 3 ou 2 do PP, de maneira com os demais que ele já tem chegar facilmente a 55 votos. Pode ser 57, 53. Estava havendo um probleminha no PSD, mas acho que já foi resolvido. Sempre tem gente querendo cavar espaço. O MDB está apoiando porque tem muito a questão democrática e institucional envolvida nesta eleição. Nós temos o vice-presidente, e seria muito importante se ele se mantivesse. Há postulação de outros partidos, mas é natural.
É um princípio mais amplo o da recondução natural. A reeleição é mais ampla que uma eleição. O (Davi) Alcolumbre, por exemplo, está dentro do princípio da reeleição. Não estamos postulando nada. Queremos agregar. A reeleição do Rodrigo não é a eleição do Rodrigo puramente. É a eleição majoritariamente das pessoas que ocupam cargos da correlação de forças que estava governando na prática.
Nós tivemos uma distorção muito grande da representação parlamentar com o Orçamento Secreto. Então, o que estamos vendo nas Casas são resquícios do que aconteceu com relação à transformação do orçamento que deveria ser público em privado. Nós ainda vamos experimentar esse dissabor um período pela frente.
Acho que o Marinho está muito ligado ao que há de pior do governo (Jair) Bolsonaro, em que pese o respeito que eu tenho por todos os senadores eleitos, mas acredito que a candidatura dele é uma candidatura errada no momento errado.
Pela proximidade com o governo anterior, marcado sobretudo por mentiras, por ódio, pelo negacionismo, pelo genocídio, pela tentativa de golpe recentemente.
Acho que o Bolsonaro precisa ser investigado. Essas investigações precisam ter continuação. Defendo a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para que, a exemplo do que Judiciário e Executivo vêm fazendo, o Legislativo faça sua parte.
Eu vou conversar com todo mundo, inclusive com o presidente Lula. Porém, acho que a melhor maneira de garantir uma audiência para esse golpe que não pode voltar a acontecer é por meio de uma CPI.
Ano passado era uma circunstância nova, porque todos estávamos em período eleitoral. Não é comum fazer uma CPI no período eleitoral. Mas nada grave pode ficar sem investigação.
É natural que nestes momentos a gente converse mais. Estávamos todos desmobilizados, nos estados. Voltamos a Brasília. Então, é importante conversar para mantermos uma direção.