Jornal Estado de Minas

NOVO MANDATO

Arthur Lira deve ser reeleito na Câmara hoje sob acordo que une PT e PL


Brasília – A chapa oficial dos acordos de partidos para disputar a Mesa Diretora com Arthur Lira (PP-AL) como candidato à reeleição à presidência da Câmara dos Deputados foi fechada ontem, um dia antes da escolha do novo comandante da Casa. PT e PL, diferentemente do que ocorre no Senado, estão do mesmo lado. Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) está na segunda vice-presidência. O nome era a única dúvida do grupo. A lista da composição circula em mensagem interna da Câmara, via WhatsApp, entre lideranças da Casa.





A discussão ocorreu internamente no PL, pois até então Sóstenes Cavalcante não era consenso na bancada. Marcos Pereira (Republicanos-SP) ocupa a segunda vice-presidência. Luciano Bivar (União Brasil-PE) está na primeira secretaria; Maria do Rosário (PT-RS) na segunda; Júlio César (PSD-PI) na terceira; e Lúcio Mosquini (MDB-RO) na quarta.
O pleito de hoje deve apenas cumprir o rito, visto que Lira é considerado o único com uma candidatura viável à vitória. Confirmado para a disputa, Chico Alencar (Psol-RJ) colocou seu nome com o apoio de sua bancada, à qual devem se restringir seus votos. PT, PSB e outros partidos da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caminham consolidados para reconduzir o atual presidente. Outro candidato é Marcel Van Hattem (Novo-RS).

Um dos partidos mais fiéis ao PP de Lira, o Republicanos ocupa na legislatura que se encerra nesta quarta-feira a quarta secretaria e, na atual composição, terá a primeira vice, que estava sendo disputada também pelo PL. Ao longo das duas últimas semanas, a reportagem acompanha a disputa e vinha afirmando que a composição de uma vitória anunciada teria seu desfecho horas antes do pleito.




RELAÇÃO COM LULA 

Arthur Lira disse ontem que tem relação "tranquila" com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que críticas feitas ao petista no passado "nunca" foram pessoais. Ele deu as declarações em entrevista à GloboNews. No ano passado, o deputado apoiou a reeleição do então presidente Jair Bolsonaro (PL), mas, desde a vitória de Lula, ele teve diversas reuniões com o petista. "Nunca fiz críticas ao presidente Lula, nem pessoais, nem políticas. Eu as rebatia quando vinham críticas a respeito do Orçamento. Eu fazia isso de maneira muito clara. Nada na política interfere. No meu ponto de vista, eu não deixo que os problemas locais de Alagoas interfiram no discernimento do que é melhor para o país e para os partidos", garantiu Lira. "A relação com Lula é tranquila, é amistosa", emendou.

Lira voltou a defender as emendas de relator, chamadas de orçamento secreto, sistema de distribuição de verbas com critérios pouco transparentes. Para Lira, isso reduz a capacidade do governo federal de fidelizar a base no Congresso Nacional, já que a equipe de Lula não terá controle sobre o empenho e a execução das verbas.

“Esse governo inicia já com metade do orçamento municipalista impositivo, de emendas individuais. Portanto, na minha visão, o governo que se inicia perdeu metade da sua mobilidade de conseguir a sua base no Congresso Nacional, no que vai demandar muito mais trabalho”, afirmou Lira. “O Orçamento do rp9 não era impositivo, ou seja, só era cadastrado se o governo quisesse, empenhado se o governo quisesse, e pago se o governo quisesse”, disse.





Lira afirmou também não ter tido acesso à chamada minuta golpista encontrada pela Polícia Federal na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, durante busca e apreensão no inquérito que o investiga nos atos golpistas de 8 de janeiro. “Esse assunto nunca chegou no Parlamento, na Câmara dos Deputados, com certeza. A esta presidência também não. Nunca ninguém teve essa ousadia de tratar sobre um assunto como esse. Teria tido nossa rechaça imediata. A Câmara  nunca compactuaria com qualquer tipo de acinte à nossa democracia, ao Estado democrático de direito.”