Os deputados estaduais de Minas Gerais esperam definir, até a próxima semana, a composição dos blocos parlamentares da Assembleia Legislativa. Há conversas em curso, ainda, sobre a composição das comissões temáticas do Parlamento. A fase de negociações a respeito da divisão da Casa entre situação, oposição e uma terceira coalizão, que deve mesclar governistas e independentes, é importante para nortear a escolha dos indicados para comitês como os de Educação, Direitos Humanos e Constituição e Justiça.
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PSD de Kalil deve ser aliado de Zema na Assembleia de MinasALMG: novo líder de Zema não crava prioridades, mas mira Recuperação FiscalProjeto contra a evasão escolar é aprovado em 2º turno na Câmara de BHMarcos Do Val pedirá 'afastamento' de Moraes da relatoria de inquéritoOs políticos derrotados na urna que voltam ao Congresso substituindo ministros de LulaArthur Lira defende 'pacificação nacional'Lula fala em consenso para reconstrução do paísOntem, na primeira sessão do novo ciclo da Assembleia, Zema oficializou a escolha de Gustavo Valadares (PMN) para ser o líder do governo. A liderança do bloco governista, por sua vez, deve ficar com o pessedista Cássio Soares. Os ocupantes dos dois cargos têm papel importante ao articular, junto aos colegas, em prol da aprovação de pautas consideradas importantes pelo Executivo.
"O sentimento de toda a Casa, do conjunto dos parlamentares e do presidente (Tadeu Martins Leite, do MDB) é o de que a gente tenha os blocos lidos em plenário na semana que vem e as comissões definidas até o fim da semana que vem - no mais tardar, no início da outra semana. Para voltarmos do carnaval com a Assembleia constituída, as comissões com seus presidentes e vices eleitos e empossados e a Assembleia trabalhando a todo vapor", disse Valadares, ontem.
A primeira sessão após a posse foi comandada por Leninha (PT), vice-presidente. Ela também acredita que as comissões estarão formadas antes do carnaval. "Temos urgência. Afinal, estamos com uma série de deputados chegando. As pessoas estão ávidas por trabalho. Creio que os que estão responsáveis por conduzir esse processo vão fazê-lo de forma bastante ágil", vislumbrou.
As tratativas para a construção do bloco alinhado a Zema ainda estão em construção, mas, além do Novo, que tem dois deputados, e do PMN, que elegeu três, outros partidos caminham para engrossar a aliança. Entre eles, estão PP, Patriota, Podemos, Solidariedade e Republicanos.
"Temos hoje, nas minhas contas, mais de 50 deputados que caminharão junto com o governo. Temos uma escalação no papel, mas precisamos ver o time em campo. Vamos precisar esperar a chegada desses projetos para vermos o time jogando e saber se está entrosado. Espero que sim - e tenho o sentimento de que estará. Muito melhor do que foi na legislatura passada, tenho certeza que será", conjecturou Valadares.
Em que pese o fato de o PL, partido apoiador de Zema, desejar participar de um terceiro bloco, misturado a deputados independentes, Gustavo Valadares confia em outra possibilidade. "Se não houver apenas um bloco governista, espero que tenhamos dois blocos governistas. A palavra 'independente', acho, está fora de moda na Assembleia", falou.
Como mostrou ontem o Estado de Minas, há defensores da construção do bloco independente. Um deles é Alencar da Silveira Júnior (PDT().
No bloco de oposição, a tendência é que o deputado escolhido para liderar o ajuntamento saia do PT. O nome, porém, ainda não foi definido. Certo é, porém, que, além dos petistas, PCdoB, PV, Rede e Psol vão estar no grupo. O Pros, tradicionalmente, costuma compor com o PT na Assembleia e, por isso, fez parte da oposição no primeiro mandato de Zema. Contudo, o cenário pode ser outro, uma vez que a legenda conduz trâmite para ser incorporada pelo Solidariedade.
Líder e governo conversam sobre prioridades
Tido nos bastidores como um parlamentar hábil e de bom trânsito junto a todas as correntes da Assembleia, Gustavo Valadares voltou à liderança do governo após hiato de um ano. Ele ocupou o posto entre o início de 2021 e o começo do ano passado, quando era filiado ao PSDB. Ele disse esperar ter em mãos as prioridades do Executivo até o início da próxima semana, depois de conversar com o núcleo de articulação política.Embora não tenha antecipado os projetos considerados essenciais pelo governo, afirmou que a autorização legislativa à adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) deve estar entre eles. A adesão à Recuperação Fiscal está parada na Assembleia desde outubro de 2019, quando foi proposta pela primeira vez aos parlamentares. O governo enxerga o plano como saída para refinanciar a dívida de quase R$ 150 bilhões contraída junto à União, mas parte dos parlamentares teme contrapartidas como a privatização de estatais.
Surgiu então um impasse, a ponto de Zema conseguir, no Supremo Tribunal Federal (STF), uma autorização para aderir ao ajuste de contas.
"Zema tem dito que é muito caro ao governo que haja a autorização da Assembleia (para aderir à Recuperação Fiscal), em um fortalecimento de um passo que já foi dado, em um primeiro momento, pelo Supremo Tribunal Federal, dando autorização à adesão. Mesmo assim (com o aval judicial), o estado vê como importante a autorização da Assembleia", avaliou.
"É um projeto importante. Mas, como não tive uma reunião de trabalho com o governo para tratar das pautas (consideradas prioritárias), não tenho como antecipá-las. Tenho certeza de que, até pelo discurso do governador ontem, essa (pauta) será uma delas", completou.
Novato estreia a tribuna do plenário
Como em todos os dias em que o plenário da Assembleia é aberto, a sessão de ontem teve momento destinado a pronunciamentos dos deputados. O primeiro a subir à tribuna foi Ioannis Konstantinos Grammatikopoulos, o Grego da Fundação (PMN). Ex-prefeito de Muriaé, na Zona da Mata, ele utilizou os minutos de atenção dos colegas para pedir a colaboração dos pares nas atividades legislativas."Estou predisposto a aprender com os mais experientes e, acima de tudo, a contribuir com uma legislatura que possa, efetivamente, produzir resultados positivos na vida dos mineiros e mineiras", apontou ao EM. Coube a Grego a tarefa de "reinaugurar" a tribuna por ter sido o primeiro a se inscrever para a fase de oradores no plenário.
"São coincidências da vida recheadas de simbolismo muito grande. Para mim, foi uma honra e um desafio, como estreante, ser o primeiro a falar. Mas quando a gente fala com o coração e com bastante desprendimento, a coisa flui. Falei com meu coração e com meu sentimento, repleto de gratidão e humildade na chegada a esta Casa", explicou.