Jornal Estado de Minas

MINISTRO DO STF

Moraes sobre suposto plano de golpe: 'Operação tabajara'

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), chamou o plano de golpe de estado, revelado ontem a público pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES), de "operação tabajara", referência a empresa fictícia 'Organizações Tabajara ', criada pelo programa Casseta e Planeta da TV Globo. De acordo com as informações concedidas pelo senador, a ação incluía a prisão do magistrado. 




 

A declaração do ministro foi dada durante a palestra 'Brazil Conference', do Lide, em Lisboa. Ele participa da conferência remotamente.

De acordo com Marcos do Val, Moraes sabia do plano desde dezembro, quando foi orquestrado, supostamente, pelo ex-deputado Daniel Silveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"O que ele disse foi que o deputado Daniel Silveira o teria procurado e que teria participado de uma reunião com o então presidente da República e a ideia genial que tiveram foi colocar uma escuta para que o senador me gravasse e, a partir dessa gravação, pudessem solicitar a minha retirada da presidência dos inquéritos", disse Moraes.





De acordo com Marcos do Val, o intuito era gravar uma fala "comprometedora" do ministro de que ele teria interferido nas eleições. Com isso, Bolsonaro conseguiria, supostamente, anular o resultado das eleições 

Moraes disse que Do Val afirmou que se tratava de uma questão de "inteligência", e que não estava disposto a tornar a declaração oficial. "É essa exatamente a operação tabajara que mostra o ridículo a que chegamos na tentativa de um golpe de Estado no Brasil", afirmou.


Versões diferentes


Apesar das alegações do parlamentar, ele contou a história com algumas versões diferentes. Primeiro, ele fez uma live afirmando que Bolsonaro o coagiu a participar de um golpe de estado. Depois, ele alegou que o ex-deputado Daniel Silveira instigou o plano e que o ex-presidente simplesmente acatou a ideia.

Os depoimentos do senador também divergem sobre onde foi a reunião para propor a tentativa de golpe de estado. Ele não soube dizer se foi no Palácio da Alvorada - moradia oficial do Presidente da República - ou na Granja do Torto - residência do vice-presidente, que no governo Bolsonaro era ocupada pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes. 

Em uma nova versão, ele ainda diz que encontrou o ministro Alexandre de Moraes antes do encontro com o então presidente Jair Bolsonaro para planejar o suposto golpe. 

Moraes nega que o encontro tenha acontecido. Ele disse que conversou com o senador apenas no dia 9 de dezembro, no Salão Branco do STF.